quarta-feira, dezembro 27, 2017

Vou ser mestrando em 2018

2017 vai se encerrando e não posso deixar de contar para quem investe seu tempo lendo o Crônicas da Fronteira o meu grande momento acadêmico do ano: a minha aprovação na seleção do mestrado do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal de Roraima (PPGL/UFRR).

O curso começa lá pelo mês de março de 2018, iniciando uma fase da minha vida estudantil que se atrasou um pouco para acontecer. Detalhando melhor: demorou uns 17 anos para acontecer.

É que terminei a graduação em jornalismo no final de 2000. Na mesma época rolou um mestrado interinstitucional entre a UFRR e a USP e alguns colegas que haviam feito a graduação comigo conseguiram montar seus projetos, disputar as vagas e serem aprovados. Eu não tinha ideia de como fazer um projeto de mestrado, não sabia a quem recorrer e fiquei só na vontade de participar.


A nota da primeira prova. Uns já ficaram por nota e outros por falta


 Passou um tempo e a vontade de estudar voltou. Em vez de investir em cursos para aprender a fazer projetos de pesquisa ou, sei lá, ir pra aula de inglês, fiz uma prova de ingresso de graduados na UFRR, passei e comecei uma nova graduação, desta vez em antropologia.

Uns semestres depois, surgiu a encruzilhada: deveríamos escolher entre a habilitação antropológica ou a que estava sendo implantada: Ciências Sociais com habilitação em Sociologia. Fiquei com a segunda para ver se parava de ter aulas com uns professores chatos que só, colei grau como sociólogo em 2008 (nota máxima na defesa, como lembrei de anotar aqui) e sempre carreguei a vontade de crescer academicamente na vertical e não mais na horizontal.


A análise de projeto: mais uma turma ficando e outra vai avançando

Os anos foram passando, fiz uma especialização em assessoria de imprensa (Obrigado de coração, bródi jornalista Luiz Valério, por ter me carregado naquele trabalho final), fui aprendendo a escrever projetos culturais que poderiam encaixar-se na categoria “extensão”, mas nada de manjar, apesar de ter feito alguns cursos, dos projetos de pesquisa. Me faltava a ideia, o problema, a hipótese para investigar.


A defesa do projeto foi um momento tenso. Não curto ter que ficar me justificando pros outros, o que acreditei poderia me prejudicar. No final, entre críticas e recomendações, salvaram-se todos, inclusive eu. 

Finalmente, já em 2016, tive uma ideia bacana. Mapeei quem poderia me ajudar a desenvolver o texto do projeto e o alvo/vítima/coitada foi Leila Baptaglin, professora doutora do curso de Artes Visuais e do PPGL. Já havíamos trabalhado juntos antes na elaboração de um artigo para um livro sobre a gestão cultural em Roraima e por isso me senti  à vontade para conversar com ela sobre esse assunto.


A prova de proficiência: cheguei a acreditar que ia pegar bomba. Fiz, no meu entender pouca coisa, o que me prejudicaria. Seria vergonhoso reprovar em espanhol, mas ainda haveria a chance de repetir a prova no meio do ano...Ainda bem que passei hahahaha

Mandei e remandei-lhe textos até o dia em que batemos um ponto final e parti para a seleção da turma que entraria em 2017. Fiquei logo na primeira fase, que é a prova escrita. Deu uma tristeza comprovar minha eventual incompetência na hora de elaborar respostas a questões científicas, mas, ao mesmo tempo, fiquei feliz, bem no estilo Ed Pollyanna de ser: pelo menos havia conseguido escrever um projeto científico depois de 16 anos de graduado pela primeira vez. Ou seja, não estava mais no primeiro degrau dessa escadinha.

Em 2017, já empolgado com os meus novos status (“sou capaz de fazer um projeto científico” e “preciso desse mestrado para obter progressão funcional aqui na casa”), cursei duas disciplinas como aluno especial nos mestrados da UFRR em Antropologia Social e em Letras. Na disciplina de Antropologia passei e remodelei a ideia do projeto pensado no ano passado. Na de Letras ainda não sei o que vai rolar. Justamente na semana em que estou publicando este texto os professores estão analisando os trabalhos que fizemos e vendo as notas que vão nos dar. Espero aprovar, pois aí já aproveito os créditos no ano que vem.

No meio de tudo isso das disciplinas é que reformulei o projeto, apresentei, fiz as provas (as notas você confere nas fotos) e passei para ser aluno efetivo e valendo do mestrado em Letras. 

A professora Leila concordou novamente em ser minha guia espiritual, vulgo orientadora, na caminhada rumo ao título de Mestre dos Magos, Mestre Yoda, Kakashi Sensei ou simplesmente Msc

E qual é o tema, afinal?Inicialmente pretendo analisar letras produzidas pelos rappers boa-vistenses para identificar quais estratégias narrativas usam no processo de sua construção identitária. Ou seja, vou ouvir muito rap nos próximos anos.


O resultado final da seleção para 2018. Dos 32 inscritos, ficamos 17, divididos em duas linhas de pesquisa. A minha é a de Literatura, Artes e Cultura Regional

Depois de tantos anos longe dos textos e dos trabalhos acadêmicos, sem a solidão da solteirice e da não paternidade presente para aumentar o grau de concentração, tendo que usar óculos para ler e cada vez mais velho, prevejo que não será uma jornada fácil.

Ao mesmo tempo, sei que mais difícil seria ficar mais um ano botando nas metas que no próximo ano tentaria aprovar numa seleção de mestrado. Então, que venham as dores de cabeça e as insônias acadêmicas.

P.S. nada a ver com o texto:

Minha meta é 2018 é receber um cheque de 100 dólares do Google por conta do blog. Me ajuda aí povo, clicando nos anúncios que estão abaixo do texto e na lateral da página. 😅😅 Pago uma cerva procês depois...

terça-feira, dezembro 26, 2017

Montando com a família uma luminária feita com canos PVC


Aconteceu que desde o começo de 2017 minha vista piorou um pouco e começou a exigir mais luminosidade para que conseguisse ler à noite. Isso e um par de óculos mais potentes, que só fui providenciar agora em dezembro.

Mas como estava tendo que ler muitos artigos científicos fotocopiados e livros com fontes pequeninas para dar conta de minhas aulas de mestrado*, antes de mandar fazer os óculos apelei para umas luminárias pequenas que tinha. Até deram resultado, mas ainda não iluminavam tanto como eu queria. 

(Essas aulas de mestrado aí foram em duas disciplinas que fiz como aluno especial nos cursos de mestrado em Antropologia Social e em Letras da UFRR. Aluno especial é aquele sujeito que não está dos vera na pós, mas tem que fazer todos os trabalhos para aprovar e aproveitar os créditos no futuro quando passar na seleção.)

Cansado da má iluminação da casa nos locais que escolhia para ler, fui pesquisar preços de luminárias na internet e em Boa Vista. Fiquei muito, muito, muito assustado com os valores e decidi fazer uma eu mesmo. 

Pesquisei um monte e no final juntei um projeto de um cabideiro de PVC e de uma luminária feita com canos de ferro (até fui atrás de replicar, mas o valor final seria o mesmo da peça lá no exterior e desisti).



Luminária feita com canos de ferro: inspiração 1




Entre os erros na hora de colar a base e perder um monte de material, visualizar as potencialidades de uma base de ventilador e reflexões demoradas sobre como encaixar essa vasilha amarela para dar um clima melhor e afunilar a luz, surgiu esta peça, muito leve e funcional, com cerca de 1,50 m de altura e menos de um quilo de peso:



Pintei com spray preto a base do ventilador e o cano de PVC


Saída do fio de energia. Fiz com uma furadeira


Joelho e cotovelo para encaixar a lâmpada

A vasilha recebeu uma mão de primer ( até hoje não joguei tinta branca) pela parte de dentro afim de que não houvesse vazamento de luminosidade


Edgarzinho, testando a luminosidade da luminária

Neste projeto, como em outros da minha série Artesanias, acabei tendo ajudas muito importantes. Vamos aos créditos: meu sobrinho de coração Fabian Garcia, que veio da Venezuela passear em Boa Vista no mês de setembro, foi encarregado de colar com firmeza o cano de PVC na base do ventilador e também de lixar o buraco que eu abri na vasilha para encaixar o bocal da lâmpada. 

Minha esposa, Zanny Adairalba, foi a encarregada de fazer a parte elétrica, aproveitando os conhecimentos que adquiriu quando era criança e conviveu com seu avó materno eletricista. 

Sem essas ajudas, o material ainda estaria sobre a mesa. 

O resultado ficou bom e barato. A peça mais cara foi a vasilha amarela, que deve ter custado uns R$ 10,00. No final, tudo não saiu por mais de que R$ 40, 00, incluindo essa lâmpada, que vou substituir por outra menor depois. 

sexta-feira, dezembro 22, 2017

Conversas na caixa postal



- Edgar, você nos visitou?

- Errr...bem..

- Os preços estão la embaixo, viu?

- Tá beleza, mas hoje não.

- Precisando de um empréstimo?

- Não, não é isso. É que…

- Vem cá, vem… Não afasta tua carteira, não, bebê...




segunda-feira, dezembro 04, 2017

Baixe o e-book do 7º Concurso Microcontos de Humor de Piracicaba 2017



Antes de que o ano acabe, vai aqui o link do livro digital resultado do 7º Concurso Microcontos de Humor de Piracicaba 2017.


Integro o livro juntamente com outros 99 escritores. Meu texto chama-se "Pedido" e é a minha segunda seleção neste concurso. A história completa da seleção você pode ler aqui.


O download é gratuito e a antologia do 7º Concurso Microcontos de Humor de Piracicaba 2017 foi uma ação promovida pela Prefeitura Municipal de Piracicaba, por meio da Secretaria Municipal da Ação Cultural e Turismo, Centro Nacional do Humor Gráfico de Piracicaba e Biblioteca Pública Municipal de Piracicaba “Ricardo Ferraz de Arruda Pinto”.

Neste ano, o Microcontos recebeu número de inscrição recorde: foram 509 trabalhos enviados de 23 estados brasileiros, além de Estados Unidos, Holanda, Japão e Portugal. Os piracicabanos prestigiaram o concurso com 60 inscrições.

quinta-feira, novembro 30, 2017

Mediando o Café Com Letras de novembro no Sesc Roraima

Tive a alegria de mediar a edição de novembro do Café com Letras, evento promovido pelo Sesc Roraima. 





O encontro foi realizado segunda (27), no Teatro Jaber Xaud, com a participação dos escritores Franklin Carvalho e Mário Rodrigues, ganhadores do Prêmio Sesc de Literatura 2016 nas categorias Romance e Conto. 


A conversa foi muito bacana, abordando desde as temáticas das obras até o processo de redação dos textos. Que venham outros eventos literários assim, com gente bacana que traz novos conhecimentos para quem quiser ouvir.




quinta-feira, novembro 09, 2017

Uma manhã angustiada- crônica sobre mais um movimento xenofóbico em Boa Vista


Acordo mais cedo do que o normal. Hoje o dia tem umas tensões especiais e isso afeta meu sono. Preparo um pão com queijo e um capuccino, tomo meu café da manhã e vou navegar nas redes.

São 6h13 ainda e leio na TL que uma idosa vendedora ambulante de origem venezuelana foi espancada e roubada no Centro da cidade.

6h13. Tão cedo e já começo a lacrimejar de angústia, pensando que diabos de cidade é esta, com gente tão má sentindo-se à vontade para agredir os estrangeiros e tratá-los como lixo.

Bem mais tarde, depois de encarar o motivo da tensão especial, abro os jornais na internet para fazer as leituras de rotina.

Abre site, fecha site, tropeço com este título da Folha de Boa Vista:

“ESTRANGEIROS NAS RUAS 
Prefeitura começa apreender produtos e a coibir venezuelanos nos semáforos”.

Meu estômago já começa a se revirar.

Lembro que ontem à noite havia fotografado a manchete do mesmo jornal (essa foto abaixo) e pensado: caraca, a prefeita de Boa Vista não age muito diferente do prefeito de São Paulo, aquele a quem muitos chamam de fascista: vai usar tudo o que puder de leis e códigos burocráticos para manter a cidade asséptica, dificultar a vida dos venezuelanos e garantir o voto da galera que está odiando o fluxo migratório.



Só não achei que faria isso tão rápido. Um dia divulga que não se pode vender nos sinais, citando o ilustre desconhecido código de posturas e no outro já manda fazer a limpeza social, intimidando o pessoal com os guardas municipais e apreendendo os produtos que garantem o pão na mesa de um monte de gente que não está em Boa Vista porque queria estar, mas porque precisa.

Tudo para ficar bem diante dos eleitores, essa pura gente brasileira, que ignora suas próprias histórias de migração em busca de melhores condições de vida.

Que tipo de gente é essa que não tem empatia com os menos favorecidos e pede que os tirem das ruas pois se sentem incomodados com a sua presença? Que tipo de políticos são esses que atendem estes pedidos?

Não sei o que me traz mais desalento: se essa parcela da população ou os dirigentes da cidade, pois, salvo engano, a Prefeitura de Boa Vista não tem uma política de inclusão para os migrantes.

Salvo engano, não está apoiando as ações que o Estado e um monte de organizações com CNPJ e
sem CNPJ estão realizando. Pelo contrário, entrou com ações judiciais para livrar-se de atuar com elas e só oferece atendimento em saúde e vagas nas escolas porque seria demais deixar de ofertá-lo, mas não se furta a reclamar disso todas as vezes que pode.

Sem nenhum medo de engano e parafraseando seu slogan, a prefeitura não está trabalhando para cuidar das pessoas que decidiram vir de outro país para morar em Boa Vista.

Vai se aferrar a questões orçamentárias para fugir dessa responsabilidade até quando?

Que tipo de cidade é esta?

terça-feira, setembro 26, 2017

Incentivos para continuar em movimento


Uma mensagem que mostra como é bom pra alma o resultado de optar sair por aí falando de literatura, leitura, amor e solidariedade:



A visita a que a professora se refere eu relatei AQUI.

quarta-feira, agosto 09, 2017

Um pouco cansado de adiar a vida


O meu nível de bagunça e procrastinação chegou ao ponto de deixar de ser um
charme pessoal que cultivava e com o qual sentava para tomar um suco e rir. Tornou-se um elemento chato, daqueles que insistem em pegar o teu queixo e te forçar a olha para trás, apontando com o dedo cada coisa que deixei passar e agora me persegue.


É muito incômodo perceber quantas coisas boas deixei escapar entre os dedos por não ter tomado certas iniciativas há alguns anos. E é angustiante notar que ainda hoje continuo fazendo isso, agora com novos focos.

Já não quero mais viver para sempre com o antigo nível de bagunça e procrastinação. Ando experimentando como abandoná-lo, ou pelo menos desapegar-me dele. Dei para fazer anotações das coisas que devo fazer (Na verdade, sempre fiz isso, mas nunca ou quase nunca relia as anotações e a demanda de janeiro se arrastava tranquilamente até dezembro…). Além de anotar em papel, baixei um aplicativo no celular e levo para todo lugar estas lembranças de cobranças pessoais.

Deixar para amanhã o que não precisamos fazer hoje é interessante até certo ponto, até certos níveis de consequências. Pouco a pouco, quando decidimos começar a fazer, percebemos quanto já se acumulou. E como todo dia costuma aparecer uma nova demanda, a mudança e o fazer ficam extenuantes. É como falei a um amigo dia desses: “Aim, não tenho nada para dizer que é meu” e de repente, quando somos obrigados a arrumar a casa, mudamos a frase para “caraca, de onde saiu tanta coisa, meu deus?”.


Na verdade, bem que eu queria continuar procrastinando, mas a meia idade vem chegando, o mundo não é mais tão colorido e risonho como antes, a energia e a disposição baixaram e o calor do verão, sugador de minha boa vontade, parece ser agora eterno, mesmo quando estamos sob as chuvas do inverno.