quarta-feira, maio 04, 2016

Um papo em Porto Alegre sobre literatura e ativismos culturais na Amazônia Setentrional

Já estive no Paraná e em Santa Catarina. Faltava só o Rio Grande do Sul para fechar as visitas àquela parte do Brasil.

Faltava, pois semana que vem estarei lá falando de literatura e ativismos culturais na Amazônia Setentrional. O convite é da ONG Cirandar. Se você estava navegando pela web e veio parar aqui meio sem saber o motivo, ei-lo:



Bacana, né? AQUI tem o link para o evento no Facebook.

quarta-feira, abril 27, 2016

Contabilidades amorosas do Sarau da Lona Poética

Vê: passo semanas sem postar nada aqui mas em outros cantos da vida digital e real apareço sempre.Um canto em que sempre apareço é o das ações do Coletivo Caimbé, com o qual andei fazendo uma pá de poesia e saraus nos últimos meses.

O resumo disso está aqui, nesta cópia da postagem que fizemos para relembrar por onde e com andamos entre novembro de 2015 e abril de 2016. Sente:



Nos 11 saraus que fizemos entre novembro de 2015 até abril de 2016 com o apoio do Ministério da Cultura contabilizamos os seguintes convidados: 21 poetas e declamadores, 11 músicos e 26 artistas visuais e fotógrafos.

Eternos agradecimentos a este povo que aceitou nossos convites:

21 Poetas e declamadores:
Rodrigo Mebs, Sulivan Barros, Hander Frank, Tallon Almeida, Carol Alcoforado, Felipe Thiago, Marcelo Perez, Devair Fiorotti, Elimacuxi, Sony Ferseck, Anderson Souza, Marisa Bezerra, Brendo Vieira, Aldenor Pimentel, Vânia Coelho, Zanny Adairalba,   Claudia Íris, Tony Andrey, Paulo Henrique Braga, Claudio Isaias da Silva Junior e Eduardo Campos.

11 Músicos:
JJ Vilela, Paulo Segundo, Evilene Paixão, Big  Berg, 7Niggaz, Claudio Moura, Timóteo Camargo, Graziela Camargo, Avinash Jonathan,  Mike Guy-bras e Viover.

26 Artistas visuais e fotógrafos:
Claudia Caroline Pereira de Oliveira, Georgina Ariane Sarmento, Geovan Almeida Solon, Morgana Forte, Mateus Forte, Dayana Soares, Kayo Soares, Ana Carolina Rocha, Hemanuella Vieira, Leila  Baptaglin, Thayline Silva, Cláudio Barros, Elias Magalhães, Rhafael Porto, Eduardo Briglia, Sulivan Barros, Tafinis Said, Cláudio Barros,  Raphael Michels, Evelly Paat, Guaracy Costa, Kellen Silva, Ellen Apolinário, Elimacuxi, Gê Nova e Mary Jô Borrero.

Isso sem contar a galera linda que aparece sempre para deliciar o povo na hora do microfone aberto.

(Na verdade, foram 12 saraus quando incluímos a atividade na rádio Monte Roraima FM)

Quer ver/ler?

Cada linha é um link: 











quarta-feira, março 30, 2016

Entrevista para o programa Atrevida, da Band Roraima, falando sobre poesia e o coletivo Caimbé

No dia 17 (ou 18) de março de 2016 estive no programa Atrevida, da Band Roraima, junto com o poeta Rodrigo Mebs.

Falamos sobre as ações do Coletivo Caimbé para comemorar o mês da poesia e do lançamento do livro cartonero Carrossel Agalopado, de Zanny Adairalba.

Confere como foi no vídeo:

 

terça-feira, março 22, 2016

O mugunzá de dona Vanda - crônica selecionada para a antologia do Prêmio Sesc/DF de Literatura – Crônicas Rubem Braga


Tem certos domingos em que acordo com uma vontade doida de comer mugunzá. Mas não é qualquer um, não. Tem que ser o da banquinha da dona Vanda, ali no mercado municipal do São Francisco. É o melhor da cidade, melhor até do que a minha mãe faz. Tem a consistência certa, a dose de açúcar no ponto, o milho no grau perfeito de ser mastigado. Em resumo, é um espetáculo.
 
Nesses domingos de desejo, saio cedo de casa. Até uns dois anos atrás, atravessava quatro bairros para chegar no mercado. Hoje estou bem mais perto, a mais ou menos um quilômetro e chego lá, de carro, em menos de dois minutos. As meninas da banca me conhecem e já vão perguntando “um mugunzá e o que mais, meu bem?”. Geralmente, complemento o pedido com uma tapioca recheada com queijo.
 
Comer mugunzá polvilhado com canela é uma delícia. Além do prazer culinário, sempre me traz à memória o meu avô, seu Edgar, que também era fã do mingau de dona Vanda e me levava quando criança até a banquinha dela na avenida Getúlio Vargas, noutra parte da cidade.
 
Por isso, cada colherada tem sabor de infância, principalmente do tempo em que não morava em Boa Vista e vinha para cá somente passear as férias. Era nesses dias em que seu Edgar me acordava cedo, saíamos e, enquanto ele comprava verduras e outras coisas para o almoço, eu ficava tomando mingau.
 
Lembro que o vô sempre levava uns potes de mugunzá para casa. Daí, dava para ficar beliscando o dia todo. Ou seja, o mingau de dona Vanda nos acompanhava o dia todo, saciando fome e gula desde os anos 1980.
 
Pelo menos era isso o que eu achava. Domingo desses fui no mercado, pedi um mingau e uma tapioca e a minha esposa pegou bolo de leite e suco de taperebá. Enquanto comíamos, conversei com ela, pela centésima vez, sobre as boas lembranças que o mugunzá me traz, principalmente as relacionadas ao meu avô.
 
Daí, entre uma colherada e outra, veio a questão: há quanto tempo dona Vanda trabalha com comida e quando foi que saiu da calçada da avenida Getúlio Vargas para o mercado de São Francisco?
Essa informação seria muito importante para complementar o meu quadro de memórias com o seu mingau. Na hora de pagar, perguntei isso dela. Sua resposta me deixou chocado: “meu filho, eu desde sempre vendi aqui. ”
 
Eu, estático, só pensava em gritar “COMO ASSIM, DONA VANDA? DE QUEM ERA AQUELE OUTRO MINGAU?!!”. Controlado, disse apenas “é mesmo? Achava que a senhora também vendia em outro lugar...”.
 
Paguei e deixei o mercado meio decepcionado com as certezas sobre as minhas memórias. Mesmo assim, como provavelmente nunca saberei quem era a outra pessoa lá da banca na Getúlio Vargas, decidi nomeá-la minha embaixadora eterna do bom mugunzá. Isso sem ligar para quando ou onde o mingau dela entrou em minha vida. 

(Crônica selecionada para a antologia do Prêmio Sesc/DF de Literatura – Crônicas Rubem Braga. Saiba mais sobre a participação no prêmio clicando aqui.)


Fui selecionado no Prêmio Sesc-DF de Literatura/Crônicas Rubem Braga 2015


Alegria do dia: o Sesc-DF divulgou ontem a lista dos selecionados para o Prêmio de Literatura – Crônicas Rubem Braga e Contos Machado de Assis.

Nesta edição, o Sesc recebeu mais de 1,2 mil inscritos para o concurso. Minha crônica, intitulada “O mugunzá de dona Vanda”, fará parte de uma coletânea publicada pela instituição. Da região Norte, o único selecionado fui eu.

A dona Vanda, para quem não conhece, é a dona de uma banca de comida ali no mercado São Francisco. Ela faz o melhor mugunzá que já comi na vida e merecia virar crônica.

Quem quiser conferir a lista, pode clicar aqui.

Os trabalhos foram submetidos à avaliação da comissão julgadora composta por Oswaldo Pullen Parente, Alexandre Santos Lobão, André Giusti, Robson Coelho Tinoco, Sérgio Léo de Almeida, Danilo Carlos Gomes, Roberto Klotz, Rosângela Vieira Rocha, João Carlos Taveira  e José Santiago Naud.

Os três primeiros colocados de cada categoria fazem jus a prêmios em dinheiro (1º lugar – R$ 2.000,00; 2º lugar – R$ 1.500,00 e 3º lugar – R$ 1.000,00). 

Já outros selecionados recebem uma menção honrosa, além de integrar uma coletânea em cada categoria, que será distribuída pelo Brasil todo. Fiquei entre estes e tá valendo pela alegria!




terça-feira, março 08, 2016

Noitada elétrica



Peguei um vale-night ontem e me empolguei tanto na festa que dormi fora. Exagerei na bebida e fui parar numa rede, seminu, sendo tocado e mordido durante horas por várias fêmeas. 

Voltei para o leito matrimonial quase amanhecendo. Quando ela acordou, não comentou nada, mas o seu olhar não mente: sofreu e dormiu mal me esperando...

Parece conto erótico, declaração descarada de adultério ou relato banal de uma orgia maravilhosa na noite de segunda, mas é só uma forma bonita de dizer que o apagão de quase 11 horas ontem em Boa Vista me obrigou a dormir na varanda de casa, onde as carapanãs fizeram a festa comigo numa das noites mais quentes do ano.

Tecendo hipóteses: o apocalipse zumbi deve ser algo parecido como ontem: a energia acaba, ninguém abre os portões elétricos e os carros ficam do lado de fora, pessoas vagueiam pelas ruas usando lanternas, arrombadores e ladrões fazem a festa, a comida na geladeira estraga, famílias ficam sem contato telefônico e a internet não funciona.

The Walking Dead é Boa Vista. Melhor, Lost é Boa Vista: racionamento/corte brutal de energia elétrica, telefones mudos, água dos rios secando, queimadas aumentando e cada vez menos companhias de transporte aéreo atendendo a quem quer sair do Estado.

Falando sério: a coisa deve ficar pior. A Venezuela já começou o racionamento de energia, lá na Venezuela o embalse de Guri seca a cada dia e El Niño faz a festa com gestões ruins de planejamento.

Além disso, tenho minha teoria particular da conspiração: quem sabe se esses cortes não são instrumento para pressionar a população e quem manda na população a fortalecer as campanhas pelo novo linhão de transmissão de energia?

Sei lá, né? Só sei que a noitada foi longa e ela estava cabisbaixa de manhã e quase não falou nada. Ou estava triste por minha causa ou estava cansada da noite sem energia. Ou então, ai, ai, ai, também se empolgou numa noitada paralela.

quinta-feira, março 03, 2016

Meditação, bobagens, invejas e afins...

Horas meditando nas encostas do Himalaia me ensinaram que é bobagem ter inveja dos outros e ainda mais bobagem ter inveja por coisas bobas, como dinheiro e aparentes sucessos profissionais.
 
Ainda mais quando quase tudo isso é bobagem. E cá estou, compartilhando de graça o que aprendi na vida. 

A única coisa que poderia valer a pena invejar por alguns minutos é aquela sua amizade que está dando uns pegas naquela figura que você um dia quis pegar.
 
Mas depois de alguns minutos, convença-se: já que não foi você, teria que ser alguém. Que sejam as amizades.

quinta-feira, fevereiro 18, 2016

Sugestões para a Secretaria Estadual de Cultura de Roraima



A Secretaria Estadual de Cultura convocou ontem (17.02.16) os artistas e produtores culturais locais para uma conversa com a nova titular da pasta, Selma Mulinari.

Mesmo não gostando desse tipo de reunião por não gostar muito de reuniões, fui lá e ainda chamei os parceiros.

Estava previsto para começar 18h, mas a secretaria só começou a falar por volta de 18h50. Antes disso, o locutor/apresentador/mestre de cerimônias ficou convocando os presentes a assumirem o microfone e cantar/declamar/tocar para animar os presentes.

Me lembrou o sarau que organizo, quando começo a chamar a turma.

A secretaria foi amistosa em sua fala, colocando-se à disposição da comunidade cultural para trabalhar em conjunto, falou que o Estado tem algumas ações em vista, lembrou de seu passado como chefe de Departamento de Cultura, disse que estará sempre aberta para ouvir demandas.

Aí ela passou o microfone para o responsável pelo setor de Turismo no estado, o Peixoto (conforme foi apresentado) que falou de uma ação de cadastramento de artistas em parceria com o Ministério do Turismo que pode gerar cachês bacanas para quem for selecionado.

E só. Acabou a parte séria e começou a confraternização.

O microfone já foi sendo passado para quem queria cantar e o locutor já chamou o povo para a mesa de lanchinhos que estava sendo servida.

Eu e algumas outras pessoas estávamos esperando o momento do microfone aberto para quem quisesse apresentar demandas, sugestões, propostas em público.

Não rolou.

Fiquei frustrado. Tipo, foi muito educado mesmo por parte da nova secretaria apresentar-se ao seu principal público (é bem mais do que rola na Fundação de Cultura de Boa Vista), mas faltou algo mais. Faltou o momento da conversa aberta, aquela em que elogios e cobranças são feitas na frente de todos e não ali no pé do ouvido, na roda com os amigos.

De toda forma, como a secretária disse querer que todos expressássemos nossas demandas, aproveito este espaço gratuito para pontuar algumas delas e dar minha contribuição para o sucesso de sua gestão:

1.       Secretária, muitos anseios e muitas propostas dos produtores de arte e cultura em nosso Estado já estão registrados nos anais das conferências estaduais de cultura. Peça para sua equipe resgatar esses documentos. A última foi em 2013.
2.       Dê andamento público aos trabalhos do Plano Estadual de Cultura. Para nós, produtores e artistas, políticas de estado são mais produtivas que políticas de governo.
3.       Especificamente falando da nossa área, invista na literatura, livro, leitura e bibliotecas: nós, que trabalhamos nas cadeias criativa, mediadora e produtiva do segmento, estamos à margem de quase todos os investimentos do Estado. Crie editais de prêmios e bolsas para circulação da nossa literatura e  para a produção de livros, por exemplo. Aplique dinheiro na compra de nossas obras e distribua-as em todas as bibliotecas de Roraima.  Isso nos dará ar para poder continuar trabalhando. Espelhe-se no que outros estados fazem para fomentar-nos. Espelhe-se nas boas ações do Ministério da Cultura. E, por favor, vá além da Lei Estadual de Incentivo à Cultura. Já basta dos produtores e artistas a pedir dinheiro de empresários para bancar a cultura. Quer dizer, há quem ache o máximo a lei, mas eu acredito que podemos ir muito além dela rapidamente.  É só separar 20% dos recursos do arraial, por exemplo.
4.       Reforçando: editais com seleção isenta são muito bacanas, são modernos, democráticos e, olha que contemporâneo, diminuem esse costume de ter produtor e artista indo bater no balcão da gestão para pedir grana e outros apoios, feito nos anos 1970.
5.       Determine, divulgue e amplie os apoios de logística e infraestrutura para as ações de nosso segmento. Se não tem grana mas tem parcerias, todos ganham e a cena literária se fortalece. Mas não esqueça que recursos ainda são muito bem-vindos.
6.       Faça outras reuniões segmentadas, em horários bacanas como o de ontem, facilitando a vida de quem trabalha o dia todo e não poderia faltar para ir a encontros matutinos, por exemplo. Bote os assessores para anotar e, com certeza, terá boas ideias para colocar em prática.
7.       Por último e não menos importante, dê o start nos debates sobre a necessidade de um Plano Estadual do Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas. É um trabalho penoso, mas seria um marco para sua carreira como gestora oriunda do setor educacional. 

De nada e boa sorte, secretária Selma. Como um dos agentes que batalhou muito em reuniões e debates para que fosse criada a Secretaria Estadual de Cultura, eu realmente torço por uma gestão exitosa para todos.