Mostrando postagens com marcador cultura de Roraima. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador cultura de Roraima. Mostrar todas as postagens

terça-feira, março 14, 2023

Na Folhinha Poética do dia 10 de março de 2023

O projeto Folhinha Poética publicou no dia 10 de março um poema de minha autoria. Foi o segundo deste ano. 

A Folhinha é um calendário com poesias de gentes de todos os cantos. Fico feliz por fazer parte deste tipo de iniciativa.


Temporal é um poema que deve ter uns 10 anos de escrito, pelo menos. Gosto muito dele. Na época em que o escrevi, chegamos a gravar um vídeo em várias locações em Boa Vista. Este material depois foi exibido no festival de artes Yamix, que rolava em Pacaraima.


Se quiser conferir a arte do dia 10/03 na página da Folhinha, é só clicar aqui.  

quinta-feira, março 17, 2022

Publicaram uma peça teatral minha de 1995

Tive uma peça escrita por mim e pela professora Chaguinha em 1995 lançada em um livro digital do Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal de Roraima


O lançamento aconteceu de forma on-line no dia 3 de março. Aqui é possível ver como foi: 


No texto abaixo, extraído do site da Universidade Federal de Roraima, é possível  ver todas as informações sobre este trabalho, além de uma fala minha na matéria: 

Roda de conversa marca lançamento de livro que destaca a produção teatral de Roraima

O Programa de Pós-graduação em Letras da Universidade Federal de Roraima (PPGL/UFRR) promove nesta quinta-feira (3/3) uma roda de conversa on-line com os organizadores e autores do livro “Teatro do norte brasileiro: coletânea de peças teatrais de Roraima”.

A roda de conversa começará às 17h30, com transmissão pelo canal do PPGL no

 YouTube. O livro faz parte da coleção "Teatro do Norte Brasileiro" e pretende colaborar com a produção teatral local, regional e nacional, ao fornecer material de trabalho para os atores e instigar a continuidade dos estudos nele iniciados. A proposta deste projeto é voltada para o registro da dramaturgia existente na Amazônia.
Lançado em versão digital, numa parceria do PPGL com o Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade Federal do Pará (PPGARTES/UFPA), o livro está disponível gratuitamente em https://livroaberto.ufpa.br/jspui/handle/prefix/1010.
O livro é formado por 14 peças escritas entre os anos 1994 e 2020. A organização é dos professores Ananda Machado, Francisco Alves, ambos da UFRR, e Bene Martins, da UFPA.
Os autores que tiveram suas obras publicadas no livro são Nonato Chacon, Catarina Ribeiro e Chico Cardoso; Márcio Sergino; Edgar Borges e Francisca Chagas de Oliveira; Francisco Alves; Zanny Adairalba; Ricardo Dantas; Alex Zantelli; turma do curso de Teatro no Ensino de Línguas e Culturas Macuxi e Wapichana; Hander Frank; Élder Torres; Aldenor Pimentel; Vanessa Brandão e Marcelo Perez.
Conforme a organizadora Ananda Machado, além da divulgação do material produzido por dramaturgos amazônidas, este lançamento enfatiza a expressão teatral como produção literária, além de divulgar informações sobre contextos históricos e traços identitários dos povos que habitam Roraima.
“A proposta deste projeto é voltada para o registro da dramaturgia existente na Amazônia. Iniciaremos em breve a organização da Coletânea do Teatro do Acre volume I. Estas publicações fazem parte então desse movimento de escrita da memória que esperamos continuar fazendo aqui no extremo norte do país”, afirma Ananda.
O escritor e jornalista Edgar Borges, um dos autores com peças no livro, conta que o seu texto foi escrito em 1995, em parceria com a professora de artes Francisca Chagas de Oliveira, mais conhecida como Chaguinha.
“Estava no último ano da escola Gonçalves Dias e fizemos a peça para participar do antigo Festival de Teatro Estudantil de Roraima. Falamos sobre corrupção na política, educação e cuidados com a infância. Guardei uma cópia durante todos estes anos e quando comentei com o professor Francisco Alves sobre esse trabalho ele me convidou para particiar. Estou muito contente de fazer parte deste trabalho de resgate e valorização da memória artística e cultural de nosso Estado", afirma Edgar.

domingo, dezembro 12, 2021

Identificação ativada: um texto sobre identidade para a revista Cult

Um texto meu foi publicado na revista Cult, na seção Lugar de Fala, um espaço aberto a leitores/colaboradores da publicação, sempre com uma temática distinta. 

O tema de novembro de 2021 foi “a arte e a educação como meios para combater
o racismo”.
Gersika Nascimento, minha colega jornalista da UFRR me avisou, fiquei pensando sobre o assunto e em 13/11 escrevi e mandei. Dois dias depois publicaram, mas eu só fui ver agora em dezembro, quase quatro semanas depois.
 

No texto, uma crônica, relato uma atividade que o Coletivo Caimbé fez numa comunidade da Terra Indígena São Marcos e ajudou a fortalecer a identidade das crianças. Quem quiser ler na revista, pode acessar aqui: https://revistacult.uol.com.br/home/identificacao-ativada/.

Ou poupar tempo e só rolar a tela para ver logo aqui, na fonte do criador. 


Identificação ativada

Era nossa primeira atividade na comunidade Campo Alegre, na Terra Indígena São Marcos, em Roraima. No pequeno malocão cheio de crianças com, no máximo, dez anos de idade, estávamos nós, o pessoal da capital que ia contar histórias e fazer outras atividades lúdicas.
 

Já havia conversado com o tuxaua sobre quais eram as etnias predominantes na comunidade. Campo Alegre, nesse então, era formada sobretudo por famílias Macuxi e Wapichana. Tentando estabelecer um elo com as crianças, falei em nossa apresentação que éramos um coletivo literário chamado Caimbé, mesmo nome da árvore característica do lavrado roraimense, e que eu e um dos meus colegas descendíamos de indígenas como elas e os seus pais.
 

Para estimulá-los a falar alguma coisa antes de começar a contação de histórias, perguntei:
 

—Quem aqui é Macuxi?


Silêncio, olhares curiosos em minha direção e para os coleguinhas. Insisti, talvez não houvesse ninguém nesse dia descendente dessa etnia:


— E quem é Wapichana?


Novo silêncio, o rosto sério nos adultos presentes e o olhar ainda mais curioso nos pequenos. Apelei.


— Quem aqui tem pai ou mãe Macuxi ou Wapichana?


Todas as mãos se levantaram, alguns falaram que o pai era de uma etnia e mãe de outra ou que apenas um dos pais era indígena. Em segundos traçaram toda a genealogia do núcleo familiar. Engatei o discurso de fortalecimento da identidade:


— Ah, que legal saber sobre vocês! E vocês sabiam que se nossa mãe ou pai é indígena, nós também somos, vivendo aqui na comunidade ou lá na cidade? Então me digam: aqui é Macuxi ou Wapichana?


Todas as mãos se levantaram, falei mais algumas coisas, meus colegas deram continuidade às ações e fomos embora depois, rumo à comunidade de Vista Alegre, repetir os trabalhos do projeto Caminhada Arteliteratura. Voltamos para a capital e retornamos duas ou três semanas depois para Campo Alegre. Era um sábado de muito vento e desta vez havia mais crianças. Quis testar se a conversa sobre identidade havia surtido algum efeito e perguntei novamente se havia algum indígena no malocão.


Todas as mãozinhas se levantaram. Sorrindo, olhei para os meus colegas e para os adultos da comunidade e insisti no detalhamento, perguntando sobre quem era de qual etnia. Um garotinho levantou as mãos para identificar-se tanto como Macuxi como Wapichana. Lembrei que na primeira visita ele não havia se identificado como pertencente a nenhum grupo e comentei isso com os adultos.
 

— Ah, ele chegou na casa dele, falou com os pais e desde aquele dia fica por toda a comunidade dizendo “eu sou indígena, eu sou Macuxi, eu sou Wapichana” — contou alguém, sorrindo e acrescentando que outras crianças também haviam começado a identificar-se como pertencentes às etnias.


Quando saímos rumo à próxima comunidade, estava muito feliz. Em uma terra como Roraima, onde até bem pouco tempo era vergonhoso identificar-se como indígena, ver crianças assumindo orgulhosamente essa identidade é um sinal de belas e boas mudanças. De todas as recompensas que me trouxeram as viagens do projeto Caminhada Arteliteratura, essa foi a maior de todas.


 
Edgar Borges é escritor, jornalista e articulador do grupo literário Coletivo Caimbé. Mora em Boa Vista, RR.

 

******

Para saber mais sobre a Caminhada Arteliteratura, projeto cujo nome fazia referência ao neologismo que criamos e fazia parte da antiga denominação do Coletivo Caimbé, basta clicar aqui.  

 

quinta-feira, novembro 18, 2021

Com prosa e poesia no e-book da Mostra Picuá de Cinema e Literatura

Este final de semana será realizada a primeira edição da Mostra Picuá de Cinema e Literatura. Muita coisa vai rolar na Serra do Tepequém, inclusive a encenação de dois textos meus que foram selecionados pela curadoria e vão concorrer aos prêmios da mostra. O e-book com as obras foi liberado nesta quinta pela organização. Olha a capa: 



Um dos textos é o poema “Medo, monstros e lama”, escrito em 2020. A interpretação será feita por Everton Alves e Julia Barroso. O conto “Livro de Amor” foi escrito em 2016 ou 2017 e será encenado pelos atores Felipe Medeiros , Kamylly Emanuelle e Luiza Danielle. Todos são da Cia. Criarte Teatral e serão dirigidos por Kaline Barroso. Desde que saiu o resultado eles estão ensaiando e este sábado será o grande dia. 

programação é esta:

 





Eu  não vou pra mostra. Além de não confiar na resistência do meu velho carro para subir a serra, ainda estou em tratamento contra a gastrite e a esofagite e vivo limitado no que posso comer e beber. E viajar para um evento deste sem poder beliscar porcaria e dar um gole numa cerveja, pelo menos, não tem graça. Sem contar que ainda ando cabreiro, muito cabreiro, com a pandemia. 

Os meus textos são estes: 




Zanny também está concorrendo com dois textos. Outros amigos também. Se quiser ler o nosso material, é só clicar aqui neste link do google drive e baixar o e-book da Mostra Picuá de Cinema e Literatura. 


sexta-feira, março 12, 2021

No Macuxicast # 17: Bebeco Pujucan, produtor musical e compositor

Cheguei para falar da 17a edição do Macuxicast, o podcast de cultura da Amazônia. 

Desta vez conversamos com o produtor musical e compositor Bebeco Pujucan, autor de várias músicas de sucesso em Roraima. 


Bebeco Pujucan poderia ter sido um advogado como outros de sua família, mas optou por trilhar o caminho da arte.    

Ouça no Spotify >>> https://open.spotify.com/episode/3rLNCNdU0uN8QzWKuQiRV3?si=5MJaaR6oSn2On9gicN5bdw  

Ouça no Anchor >>> https://anchor.fm/macuxicast/episodes/Bebeco--o-doutor-das-notas--acordes-e-canes-esbe3f

Ouça no Deeezer >>> https://www.deezer.com/br/show/2027182

Ouça no Castbox >>> https://castbox.fm/channel/Macuxicast-id3665127?country=us

Ouça no site Macuxicast >>> https://www.macuxicast.com/podcast-macuxicast/episode/2b67b56f/bebeco-o-doutor-das-notas-acordes-e-cancoes

segunda-feira, março 01, 2021

Diálogos Literários Pandêmicos # 16: Sobre o ser ator

Nesta segunda, 1 de março, conversamos sobre Ser Ator e sobre o teatro roraimense com um dos, opinião pessoal minha, melhores atores da cena dramatúrgica roraimense: Anderson Souza.



Anderson também é contador de histórias e uma pessoa muito querida. Nos conhecemos desde crianças lá na Venezuela, quando os nossos pais brasileiros migraram para lá em busca de melhores condições de vida.

Esta foi a 16ª edição dos Diálogos Literários Pandêmicos. Veja as demais aqui na playlist de nosso canal.  

Nosso convidado falou sobre seu começo no teatro, contou histórias sobre as montagens em que já esteve, sua maneira de preparar-se para as apresentações e fez uma análise sobre a atual cena teatral do Estado.

Confere. Ah, depois ou antes de ver: inscreve-te no canal e comenta.

 

Lembra disso: toda segunda, enquanto durar a pandemia e não chegar a vacina, tem encontro aqui. 

Para outras coisas relacionadas ao que faço, me segue nas redes: https://twitter.com/Edgar_Borges_ e https://www.instagram.com/edgar_borges_.  

segunda-feira, fevereiro 01, 2021

Diálogos Literários Pandêmicos # 12: Ser tão Norte, poesia e silêncio

A poeta e compositora Zanny Adairalba foi a convidada desta semana nos Diálogos Literários Pandêmicos. Aproveita que não é todo dia que ela topa dar entrevista ou conversar na frente das câmeras.



Confere o que ela nos contou sobre sua carreira de escritora, dramaturga, música e ativista cultural no extremo norte da Amazônia. E deixa tua opinião sobre a performance dela nas declamações poéticas.

Compartilha, comenta e se inscreve no canal. Lembra disso: toda segunda, enquanto durar a pandemia e não chegar a vacina, tem encontro aqui. 

Para outras coisas relacionadas ao que faço, me segue nas redes: https://twitter.com/Edgar_Borges_ e https://www.instagram.com/edgar_borges_.  

sexta-feira, janeiro 29, 2021

Aventuras audiovisuais de um cara que fala baixinho e enrolado

2020 foi um ano feio, 2021 já começou bem pior pessoalmente e nacionalmente. Entretanto, a pandemia, refleti sobre isso esta semana, me fez iniciar e participar de três ações que me forçam a quebrar parte de minha preguiça e inabilidade de falar em público.

A primeira ação é o programa semanal Diálogos Literários Pandêmicos, que apresento toda semana em meu canal do youtube. Conversas e risadas com amigos e pessoas que aprecio. É uma fuga da solidão causada pela pandemia.

Os DLP já estão na 12ª edição. Comecei no instagram, fiz muitos em pouco tempo, cansei, demorei e finalmente, após maturar a ideia bem muito, decidi retomá-los no youtube. Toda segunda, às 19h30, horário de Roraima, estou lá.

Clica aqui e curte o canal. Quero chegar aos mil inscritos e começar a ganhar grana com isso. 

 Semana que vem entrevisto a Zanny, falando nisso: 



A segunda ação também é no Youtube. Não chega a ser inédita em minha vida, mas também traz os seus desafios: é a apresentação, dividida com a poeta Zanny Adairalba, das edições on-line do Sarau da Lona Poética. Como não podemos aglomerar pessoas e não quisemos arriscar a vida de ninguém, decidimos levar para o mundo digital esta atividade que fazemos desde 2014 no mundo real.

O resultado tem sido bom. Todo mês nos encontramos virtualmente com poetas, músicos e declamadores e passamos uma ou duas horas bem agradáveis.

Inclusive, fica o aviso, tem sarau semana que vem. A transmissão acontece no canal do Coletivo: https://www.youtube.com/user/ColetivoCaimbe



A terceira, e aqui é a onda nova, é o programa Macuxicast, um podcast gravado em parceria com o jornalista Luiz Valério e a poeta Zanny Adairalba. Já fizemos 12 entrevistas, falando com gente do rap, da cultura indígena, da rádio, artes visuais e jornalismo cultural.


Aqui eu tento desenrolar um Edgar pouco trabalhado durante a minha vida profissional: o radialista/entrevistador.

A última vez que fiz isso foi em 1996 ou 1997, quando era estudante de jornalismo e quis ficar apresentando o programa Comunicação no Ar, o espaço de experiências que o curso de Jornalismo da UFRR tinha na Rádio Roraima aos sábados (ainda não existia o Núcleo de Rádio e TV da UFRR nessa época).

Tem sido legal, tem sido desafiador, ainda mais para mim, que falo baixo e enrolado. Me obriga a trabalhar a dicção.

Como não havia falado nada ainda sobre isso e já estamos há semanas no ar, decidi botar aqui alguns dos banners de divulgação das entrevistas já feita.

O link para ouvir as edições do podcast é este: https://www.macuxicast.com/podcast-macuxicast

Estamos em todas as plataformas de streaming e elas podem ser acessadas a partir desse link. Vai lá.

Valeu. 

Ah, sim, alguns dos banners: 

Cantor e compositor Neuber Uchoa 

Pesquisadora Ananda Machado


Escritor Leão de Sandra

Radialista Benjamin Monteiro

Escritor e ator Francisco Alves


terça-feira, novembro 24, 2020

Uma conversa sobre Literaturas nas Periferias - Flisgo 2020

Passando para deixar registrada a minha participação na segunda edição do Festival Literário de São Gonçalo (Flisgo 2020). 

Estive no painel que discutiu as Literaturas nas Periferias. Fui acompanhado pelos escritores Jessé Andarilho e Rodrigo Santos, ambos do Rio de Janeiro.

Valeu, Flisgo. Valeu, Rodrigo, pelo convite para o painel. 

Muito agradecido mesmo pela oportunidade de falar de meu trabalho no Coletivo Caimbé e da literatura de Roraima. 

quarta-feira, abril 22, 2020

Noite de inverno - um vídeo poema

No sábado passado ventou forte e chuviscou. Avisos do inverno, pensei. Sentado na varanda de trás, escrevi, gravei, editei e carreguei o poema no youtube enquanto via as plantinhas balançarem.

Assiste e se gostar, curte o vídeo e se inscreve no canal para me estimular a continuar produzindo webliteratura em Roraima.

sábado, março 28, 2020

Diário da Covid-19: duas semanas de coronavírus em Boa Vista

Segunda (16/3) amanhecemos tensos em casa. Edgarzinho tava tossindo muito, mesmo com os medicamentos. Já avisamos cedo à coordenação pedagógica que ele só iria fazer o tal simulado, mas que a partir de terça não iria mais. Ele é que não vai ficar exposto a pegar coronavírus na escola. À tarde, o governador já adiantou as férias de julho para ficar todo mundo em casa até o começo de abril. Menos mal pela questão da saúde pública, bem ruim para quem estava pensando em viajar no meio do ano. 

Perguntei no grupo da firma como ia ser, se ia ter liberação para os técnicos e tal. Não souberam dizer, fiquei irritado, quando cheguei fui cobrir uma reunião e lá avisaram que alunos e professores teriam encontros só via internet. Os técnicos deveriam manter o trabalho, a menos que se enquadrassem nos grupos de risco. Nessas horas lamento não ter nenhuma doença grave. 

Na terça (17/3) já não tinha ninguém na firma. Saí para resolver um negócio e ao voltar por uma entrada diferente da habitual vi um monte de alunos indígenas saindo do campus. Será que os caras estão tendo aula? Pior que hoje vi em algum lugar recomendações para que os parentes que estão na cidade evitem ir para as aldeias. O lance é quebrar a corrente de propagação do vírus. 

Depois de sair do trabalho, vi uns lances e escrevi isto no Twitter (fica aí o convite para me seguir lá):  


Na saída do trabalho, às 18h, na avenida Ene Garcez, Boa Vista, cidade com 4 casos suspeitos de Covid-19: 1. Atletas jogando vôlei e outros com o personal. 2. Muitas mães e crianças no parquinho. 3. Gente comprando ingresso pro cinema. 4. Bares abrindo. RR não teme a pandemia.

Uma menina, a @caamilacesar, me respondeu descrevendo outra parte da cidade: 


Filas enormes, aglomeração de pessoas na frente do Hélio Campos (está tendo alguma coisa por lá, acredito que seja teste físico dos aprovados no concurso), pessoas indo malhar normalmente nas academias, shopping lotado e por ai vai...

Na quarta (18/3) fomos rapidamente ao Atacadão comprar coisas que estavam faltando. Eu não queria ir, mas sou bem mandado pela Zanny e prefiro não encrencar por isso. Conversamos sobre o quanto a cidade parece normal e o comportamento das pessoas não aparenta alteração. Ao mesmo tempo, acho que o coronavírus vai deixar sua marca na vida cotidiana. Pelo menos no costume de lavar as mãos. 

De tarde leio a portaria que regulamente o teletrabalho durante a crise do Corona. É que me atentei: moro com duas pessoas que estão nos grupos de risco das doenças crônicas. Uma com fibromialgia e outra com asma. Vejo uma matéria que fala das teorias da conspiração sobre quem teria criado a doença e um trechinho no final me chama a atenção: 


Se o coronavírus seguir o padrão da pandemia de gripe H1N1 de 2009, ele também vai se espalhar globalmente para se tornar um quinto coronavírus endêmico dentro da população humana.

Ou seja: o que estava pensando desde cedo tem fundamento. Essa doença pode ficar rondando nossa vida para sempre. Será a virose de todo verão em Roraima. 

Falando nisso, o governo divulgou que os nove casos suspeitos de Roraima deram negativo. Acredito? Bicho...desconfio dessas assessorias em tempo de Bolsonaro e fake news como hábito comum. Será que agora vão pedir para reabrir a fronteira, já que não tem nada de mais ou vão continuar querendo só a grana da Venezuela?  

O governador e o secretário de Saúde publicaram um vídeo no Facebook bem sorridentes, dizendo que não tem casos de Covid-19  no Estado. Não falaram que precisa fazer a contraprova e eu não me lembro de ter ouvido falar de terem testado toda a população... Tempos de pós-verdade e de falta duma assessoria para dizer "menos, chefe, menos, por favor".

Conversei um bocado pelo wpp com a minha amiga Deni Argenta. Ela me diz que no Rio de Janeiro a situação não tá muito diferente daqui: todo mundo circulando feliz pelas ruas,  inclusive os que não precisariam.  Devem estar sendo guiados pela mensagem do presidente, para quem coronavirus é histeria. 

Quinta (19/3). Acordo 4h44. Enquanto preparo o café, vejo que o filho do presidente foi buscar treta com a China por conta do corona . A embaixada respondeu afirmando que o bolsofilho estava com infecção mental. Tudo Isso no Twitter. 

Vou correr na praia. É o que me relaxa. Não tem ninguém, como de costume nas manhãs de segunda a sexta. Sábado e domingo o povo chega cedo, seja para o bronzeamento, seja para passear com os cachorros
Minhas visão matutina

O fechamento das fronteiras brasileiras cresce. Agora são oito países. Fiquei pensando nos cubanos e haitianos que estavam entrando pela Guiana. Vão ficar do lado de lá sabe-se lá até quando. Alguém me diz que a maioria dos países já havia fechado a fronteira antes. 

Fiz o documento pedindo teletrabalho. A partir desta sexta já fico em casa, trabalhando de lá. Não queria consumir minha energia elétrica, mas é melhor diminuir os riscos para a família. Pelas memorandos que chegam nos sistema interno, tem muito setor administrativo da firma já praticamente fechados ao atendimento externo. Ou pelo menos, limitando ao máximo. 

Leio que a UFPR tornou o teletrabalho algo obrigatório, não mais opcional. 

A toda hora chegam dicas de plataformas de vídeo e livros abertas para a gente passar o tempo. 

Choveu no campus. 

Sexta (20). Primeiro dia de trabalho remoto. Fico sem internet justamente ao meio-dia. Comunico no grupo de trabalho que estou me virando apenas com 4G do celular, mas que já deve normalizar. Minha colega de trabalho Gérsika me avisa: estão dizendo que um caminhão puxou um fio. Tremo, mas fico tranquilo. Devem resolver isso logo. E assim vamos, trabalhando pelo celular em mais uma tarde quente do verão roraimense. 

O brasileiro sempre decepciona:


Empreendendo na crise

São mais de 20h quando chega no grupo dos escritores a notícia de que o professor e escritor Devair Fiorotti morreu devido à complicações pós-operatórias. As redes sociais se enchem de depoimentos. Eu também fiz o meu e joguei no meu perfil do Facebook. Zanny ficou triste e ambos ficamos pensando nas crianças que deixou. 


Devair Fiorotti durante um Sarau da Lona Poética, evento organizado por mim e o coletivo Caimbé

 A notícia da morte do Devair chega quase junto com as notícias do Bolsonaro desdenhando da pandemia de Coronavírus. Ao longo dos próximos dias, ele vai se dividir entre atacar quem defende isolamento social como alternativa à propagação de casos e tentar acabar com a vida dos trabalhadores brasileiros em nome da economia. E mesmo quando recua, avança sobre a gente. 


Um comentário da internet

Arregou no outro dia

Já pensou?


22 a 28/3

Minha internet só voltará a ser normalizada na terça à tarde e eu não aguento mais a OI. Edgarzinho estava que não aguentava mais ficar off-line. Eu aproveitei que não havia como entrar na Netflix e fui encarar os livros da estante que ainda não haviam sido lidos. Devo dizer que a semana foi proveitosa nesse sentido. 
Capitães da Areia, que eu achei sempre que era Capitães DE are




Livro com foco no público infanto-juvenil, muito bom e me ajudou a entender a carreira do JK. Se lincar isso com outras biografias, dá para entender melhor a época dele


Este é uma coletânea de quadrinhos. Tenho que entregá-lo em uma biblioteca, como combinei com a autora. Já deixei na UFRR e no Sesc. A próxima será a do Palácio da Cultura


Na sexta (27) iniciei este: 
Muitos bons os contos do Scliar. É um livro grosso que só, mas as leitura caminha fácil


Não fiz foto porque larguei logo, mas ainda li umas 40 páginas de Lavoura Arcaica. Não gostei do estilo da narrativa. 

A semana toda foi de trabalho remoto em casa (na segunda a UFRR editou portarias dizendo que as atividades deixam de ser presenciais por enquanto). Quero ver como vai ficar minha conta de energia depois disto. E como tem sido quentes as tardes e noites de Boa Vista




A prefeita e o governador fecharam tudo (inclusive as praias, o que me deixa triste, já que era numa delas que eu corria toda manhã), mas reabriram depois muita coisa durante a semana. Estão pagando para ver em nome da pressão dos empresários, que alegam prejuízos e ameaçam com demitir os funcionários. E os funcionários, com medo disso, apoiam a volta ao trabalho. A Casa Grande sempre vence. Em Brasília e outros estados, Bolsonaro trava uma guerra de narrativas com os governadores e a Câmara dos Deputados. Até tentar dar esculacho no governador de São Paulo ele deu, em vez de ficar quieto e conversar como gente educada no meio de uma crise. 


Acesso à minha praia querida bloqueado. 



Matemática básica dos leitos de UTI em Boa Vista. Se todo mundo cair de uma só vez, muita gente vai morrer no corredor do Hospital Geral de Roraima


Perdi uma folha onde estava anotando as coisas que queria registrar neste depoimento. Agora vai tudo memória e baseando-me nas fotos e imagens que guardei ao longo da semana. 

Entre lidas, calor e trabalho remoto, gravei dois vídeos para meu canal de youtube. Se você não está inscrito, faça o favor de se inscrever. O primeiro foi montando um lego do Batman

e o segundo foi lendo um trecho da obra Capitães da Areia. Vai lá conferir depois os dois.

Ontem, sexta (27), o governador de Roraima disse que a partir de abril as aulas serão à distância. Não explicou como vai ser. Só fico imaginando aulas via internet nas comunidades indígenas ou nas comunidades pobres de Boa Vista.... Sem noção. Vamos ver. 

Aqui a gente tinha conversado e decidido que Edgarzinho não voltaria às aulas enquanto a crise do corona não baixar. Mesmo que isso lhe custasse o ano escolar, seria bem melhor que pegar essa doença e correr o risco de morrer. Além de não termos UTIs para todos em tempos normais, o menino, asmático e sobrevivente a cinco pneumonias nos seus cinco primeiros anos de vida, era quase um alvo pintado para o vírus. 

Sábado (28). A vida tenta seguir a calmaria. Dona Alba, mãe de Zanny, está com a gente há quase uma semana. Quase todo dia faço uma chamada de vídeo para minha mãe, buscando saber como estão por lá e como estão comportando-se. Meu pai só me dá raiva com seu comportamento de risco, mas ela minimiza. Diz que ele fala muito, mas que está tomando as precauções. 


Os velhinhos de Boa Vista e os jovens conscientes


Corri hoje, ontem e anteontem. Não na praia, mas na avenida não asfaltada que tem aqui no bairro. Vamos eu e o vento nesse horário. No máximo, alguém passando de moto, geralmente os trabalhadores da construção civil, que não parou um momento suas atividades aqui no bairro. 

Tenho acordado muito antes das cinco todos os dias. Melhor aproveitar isso queimando calorias. Meu foco é chegar a 5 km em 30 minutos. Se o coração não explodir, talvez em dois meses consiga calmamente isso. Descobri que tenho fôlego para aguentar de 15 a 20 minutos sem parar e estou me aproveitando disso. 




Sinto falta da areia da praia, confesso. Temo pelos joelhos e lá na praia eu ainda pegava bronzeado nas coxas.


Quando a praia era só minha...



Vamos agora para terceira semana. Uma certeza eu tenho e já a compartilhei aqui em casa e numa vídeochamada ao meu amigo Timóteo Camargo: só não estou pior porque já praticava o distanciamento pessoal voluntário. Agora, imagina que vivia nos bares e outros locais socializando a todo momento? Esses devem estar ficando loucos já. 

(Acho que eu estou começando a ficar cansado, mas tenho reservas para alguns dias ainda)

quinta-feira, fevereiro 20, 2020

Anotações não tão rápidas sobre um fevereiro de esperas e partidas



Depois de dois ou três anos fiz uma viagem para fora do Estado (ir a Lethem, aqui na Guiana, não conta). Fomos em grupo (eu, Zanny, Edgarzinho, Timóteo, Grazi e Liz) para o Espírito Santo e conhecemos a serra, o mar e a zona rural de Vitória. Quer dizer, os Camargo já conheciam, nós não.

Edgarzinho, Timóteo Camargo e eu no projeto Tamar
Zanny Adairalba, Edgarzinho e eu de costas para a Pedra Azul, na Rota do Lagarto, nas montanhas capixabas

Peguei meu diploma de mestre em Letras pela Universidade Federal de Roraima e já dei entrada nos processos de volta ao trabalho e (quem sabe oxalá saia se esse governo Bolsonaro de porcaria não me prejudicar com seus cortes e maldades) progressão por titulação.

Consegui alguém para mexer no telhado da casa e tampar os buracos pelos quais a cada chuva entravam as gotinhas que estavam me fazendo perder o gosto de amar as chuvas. Que venha o próximo inverno.

Sobre o tópico número um: no Espírito Santo pela primeira vez na vida fiz arvorismo (não gostei) e me joguei numa tirolesa (de 700 metros de comprimento e 120 metros de altura). Edzinho me acompanhou nas aventuras. Ele também não curtiu o arvorismo. Ah, e nos hospedamos em um chalé que fica no parque do China, nas montanhas. Foi como amanhecer em outro país, bem mais frio e bem mais rico.

Decidi voltar a me inscrever rotineiramente em concursos literários. E já comecei.

Decidi tocar, pasito a pasito, o projeto do livro de poemas que foi selecionado no edital da Secult de Roraima, edital este que a Secult nunca pagou e talvez nunca pagará. Vou ver se imprimo por conta e faço um lançamento ainda neste semestre ou até julho.

Amanheci neste 20 de fevereiro de 2020 com 73,100 quilos. Em 21 de janeiro de 2019 estava com 80,200 kg. Ou seja, em um ano perdi 7,100 kilinhos. Agora estou vendo de novo a ponta dos meus pés e estou feliz. E acho que ganhei uns meses a mais de vida.

Ah, sobre os benefícios de perder peso: consegui voltar para o número 40 nas calças. Nem sonho em voltar a usar 38, como quando tinha 20 anos, mas estou tão feliz!

Incorporei à minha rotina matutina ir correr na praia do Curupira. Assim aproveito o balneário que tenho tão próximo de casa. Ah, e corro de sunga para aproveitar o sol e ver se bronzeio as coxas, estes pedaços de pele que nunca viram luz nos meus 43 anos de existência.

Continuo acordando muito cedo, às vezes até antes das seis da manhã. Em compensação, quando batem as 22h, 22h30 estou morrendo de sono. Até me conformo, mas estou preocupado com o costume da soneca pós-almoço. Será que vou ficar tonto de sono nas tardes após o meu retorno às labutas trabalhistas? 

Meu velho e guerreiro computador HP da tela gigante que amo deu pau, mandei arrumar, voltou ligando, mas a bateria tá indo pro espaço. Comprei esta semana uma nova. É a segunda já em...sete, oito anos de convivência? Estou aguardando a chegada para continuar usando muito o bichinho. Por enquanto, escrevo com medo do cabo sair e o computador desconectar do nada. 



segunda-feira, dezembro 02, 2019

Lendo Carrossel Agalopado, de Zanny Adairalba, na Feira Estadual de Ciências de Roraima

No encerramento da XXVII Feira Estadual de Ciências de Roraima, no dia 23 de novembro de 2019, fui ao parque Anauá fazer uma intervenção poética juntamente com os poetas Elimacuxi e Vitor de Araújo (autor das imagens deste vídeo), além do cantor Paulo Segundo (que além de maravilhoso, já interpretou uma música minha em um festival, como podem conferir aqui


Elimacuxi rodopiando feito poesia

Paulo Segundo mostrando seu vozeirão

Vitor de Araújo em estado de poesia


 Li alguns textos e gravamos Carrossel Agalopado, poema que dá nome a um dos livros da poeta Zanny Adairalba

Espero que gostem. 





Na feira também estava o ativista cultural Jonas Banhos e a Barca das Letras, aportando pela oitava ou nona vez em Roraima. Jonas doou livros e DVDs arrecadados para uma escola indígena de Roraima

Para minha posteridade: uma fotinha lendo poesias de Zanny Adairalba

segunda-feira, novembro 25, 2019

Camaleão, uma homenagem a David Bowie (Projeto Geni e o Zepelim)

No vídeo de hoje trazemos o grupo Projeto Geni e o Zepelim interpretando a música Camaleão, uma homenagem ao cantor britânico David Bowie, falecido em 2016. 

A letra, de J Vilela, é baseada em títulos de músicas gravadas por Bowie, apelidado de Camaleão. 

O projeto Geni e o Zepelim é formado pelos músicos J Vilela, autor da composição, e Elson Arcos.

Elson Arcos

J Vilela

Selfie pós-show: Elson Arcos, J Vilela, a poeta Zanny Adairalba e este blogueiro, Edgar Borges


A apresentação foi gravada no ponto de cultura Usina Cultura, zona oeste de Boa Vista. No final rolou uma dedicatória ao meu filho, Edgarzinho, fã dessa música. 




Para acompanhar as aventuras musicais do Projeto Geni e o Zepelim, siga J Vilela no instagram: https://www.instagram.com/jamil.vilela/.