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sexta-feira, março 29, 2019

Acontecimentos paralelos (Ou: bateram meu carro e vim fazer prosa poética)


Tardes de sol em Boa Vista (Foto: Edgar Borges)

Alguém bateu o meu carro à uma e meia da tarde numa rua quase deserta, com um sol de quarenta graus atrapalhando a paz que todos deveríamos ter quando deixamos nossos filhos na escola.

Alguém bateu meu carro, estando o carro parado esperando outro carro acelerado passar na avenida à frente, palco de outros inúmeros acidentes leves e graves a perturbar a vida de quem só pensava em ir ou voltar para casa, para o trabalho.

Na mesma hora em que alguém bateu meu carro, uma mulher e um homem faziam amor em um quarto de motel na zona sul da cidade, desprezando as horas que tanto atrapalham quem só quer beijar, beijar e beijar como se não tivessem outros amores esperando por eles.

Quando desci do carro para conversar com a pessoa que bateu no meu carro, um homem velho subia em uma rede e se preparava para dormir em alguma comunidade indígena sem conexão com a internet para receber a foto das pessoas que estavam na esquina discutindo como seria solucionar o conserto do carro.

Quando tirei fotos dos carros parados no meio da rua, a mesma internet que levou as fotos para uma nuvem digital também ajudou o mocinho a sete quilômetros dali a pesquisar como ensinar facilmente regra de três à coleguinha que ele quer namorar.

Quando fiquei sem visão por conta de tanto sol que tem a uma e meia da tarde, quatro amigas olharam para o céu e pensaram em ir à praia, bronzeando-se antes que o inverno chegue e engula todas as areias.

Na mesma hora em que continuei meu rumo depois de ter anotado o telefone do sujeito que bateu o meu carro estando o meu carro parado, nessa mesma hora uma jovem conversava com o seu namorado e o questionava sobre a infantilidade do roteiro da série que haviam visto juntos ontem.

Quando comecei a escrever isto, dias havia se passado, oficinas haviam sido visitadas, panoramas de estresse haviam sido detalhados e desastres de todos os tipos haviam acontecido pelo mundo.

Quando o mundo todo passava por tudo isso acima e outras coisas mais, eu estava pensando: se eu tivesse virado à esquerda em vez de seguir reto, teria igualmente acontecido um acidente?

Enquanto digitava as últimas palavras, ouvi ao longe minha mulher me chamar para tomar um suco e tudo ficou mais alegre.


(P.S.: em 2013, voltando de uma viagem às serras do Uiramutã, tive um acidente de carro, novamente numa esquina. A história está aqui.)

segunda-feira, abril 16, 2018

Uma trilha de bike do Caçari à Praia do Encontro


Sabe quando você passa anos sem fazer uma parada que gostava muito e aí um dia você fica feliz porque conseguiu voltar a fazê-la, mesmo que não seja na intensidade de antes? Então, essa foi a sensação deste domingo, quando depois de mais dez anos (talvez 12 ou 13) voltei a pegar na bicicleta para fazer uma trilha. 

Quem é leitor antigo  deve se lembrar das minhas hérnias, surgidas há um tempão apenas para me fazer sentir muita dor e abandonar certos bons hábitos como o de pedalar. 

Recentemente decidi parar de ligar tanto para a dor na cervical para investir mais no prazer que é pegar a bicicleta para sair de noite e pedalar por aí. Até na UFRR já fui por estes dias, bem no estilo “sou estudante e vou pegar sol ardente, mas tô de boas”. 

Noite sim, noite não, semana sim, semana não, faço uma pedalada com fins emagrecedores. Acho que deve dar uns 12 km e cerca de 50 minutos. Vou na manha, pelas ciclovias (coisa que não havia quando eu só tinha a bike para me deslocar), subo umas ladeiras, fico ofegante, sinto o vento no rosto e chego feliz em casa para estudar em paz. 

A vontade de fazer uma trilha nasceu ao perceber que tem gente vindo de carro pela margem do rio Branco, saindo do Iate Clube, e chegando na praia do Encontro na maior tranquilidade (clica aqui se tu ainda não viu o vídeo que fiz lá neste verão de 2018). Conversei com o Timóteo e falei que devia ser uma boa fazer isso de bike. Ele topou a trilha, mas disse que as pedras iam gerar sofrimento e talvez até pneus furados, sugerindo então a trilha do Caçari. 

Essa trilha eu fiz muitas vezes antes de aparecerem as hérnias e as dores. Tenho boas lembranças dela, mas poucas fotos. Era o tempo de introdução ao mundo digital, quando ainda era raro alguém ter uma câmera digital. Sei que em algum lugar devo ter fotos guardadas de um desses passeios, mas não imagino onde. 

Enfim, na tarde do domingo passado (ontem, 15 de abril de 2018, para ser bem exato) peguei a bike, coloquei no carro, fui até a casa do Timóteo e saímos pedalando rumo ao banho do Caçari. Pra vocês terem noção, a última vez que fiz esse caminho a avenida Getúlio Vargas era só piçarra. Hoje é asfaltada, com quatro pistas, tem canteiro central e iluminação. 

Chegando no balneário, empurramos as bicicletas até a parte da areia dura, atravessamos o Cauamé (aqui me lembrei do estresse que é não ter sapatilha de ciclista para não ter que ligar se o tênis se molha) e nos enfiamos no meio do lavrado. 


Na praia do Caçari (Foto: Timóteo Camargo)


´Timóteo rumo ao ponto onde atravessamos o Cauamé para entrar na trilha

Saudades tinha eu de pedalar fora do asfalto (Foto: Timóteo Camargo)

Vimos que se o Cauamé tá baixo, baixo, baixo, o Branco tem uns pedaços que parecem ser de um deserto. Os caras dos carros tracionados se aproveitam disso para ir barranco abaixo e curtir muito isso. Eu só brinquei que ia me jogar de bike pelo barranco, mas não arrisquei me lançar. Tenho amor à minha pele. 


Vou-num vou-vou-num fui que não sou doido de me jogar do barranco para cair no areal que virou o rio Branco (Foto: Timóteo Camargo)

Avançamos até a parte em que a trilha começou a fechar e decidimos voltar para ir pedalando até a praia do Encontro. O Timóteo me gravou gentilmente com sua mão-drone e estabilizou o vídeo com os aplicativos que tem no celular. Vê aí a vegetação e percebe como saímos de uma mata para entrar no lavrado novamente. 



O que ainda tem de água no Cauamé vai ziguazeando pelo leito até chegar no Branco. Nos também fomos fazendo isso até chegar lá. 

Depois de um banho bem legal na praia do Encontro (talvez o último desta temporada, pois hoje já começou a chover do ano, ficando nublado o dia todo, sinal do fim do verão) pegamos as bikes e voltamos. A ideia era fazer novas trilhas para ir preparando o corpo para aventuras mais pesadas, mas não sei se vai rolar. Com o fim do verão, chuva é coisa que cai sem avisar, estragando programas tão legais como ir pedalar com os amigos. 


Bikes na praia do Encontro: provavelmente a última ida do verão

terça-feira, setembro 22, 2015

Sobre a Guarda Nacional, o jeitinho brasileiro, o sargento preso e a vida na fronteira

A Guardia Nacional da Venezuela é extremamente corrupta, principalmente nas fronteiras. Pertinho daqui, desde a abertura da BR 174 e da Troncal 10, brasileiros contribuíram para a corrupção da turma, dando aquela gorjetinha básica, aquela caixinha de bombons Garoto, aquele espumante, qualquer coisa que facilitasse a convivência entre os países e, quem sabe, promovesse a internacionalização do jeitinho brazuca. 

Daí, a voracidade dos Guardas cresceu e a cobrança de propina em plata-cash-money-bufunfa cresceu e passou a ser rotina, amparada pela impunidade que sempre (atenção: sempre e não apenas a partir do surgimento do chavismo) reinou do lado de lá da fronteira.

Quase tudo bem até aí, mas quem come e acha gostoso quer repetir e comer até ficar empanturrado. Afinal, só se vive uma vez e que se danem as dietas. E então, a turma dos verdes pensou: que tal um assalto em Pacaraima vez ou outra para aumentar a circulação de divisas na fronteira?

Plano fechado. Bolaram um para setembro. Deu errado. Dois fugiram, um foi preso. Era um Guarda. Novinho, 25 anos, sargento. Nome: Elvis Geovanny Manrique Marcano. Homem da lei do lado de lá, criminoso do lado de cá.
Resultado: o senso de corporativismo da Guarda explodiu e, em represália, começaram a apertar a fiscalização na fronteira. 

Pegaram algumas famílias por aquelas coisas bobas de sempre na rotina de quem vive aqui na linha do Equador (muito dinheiro não declarado no bolso, compra acima da cota etc.), mandaram para Puerto Ordaz e, dizem os parentes, não dão notícias. 

Claro que isso era o esperado: afinal, o poder de la Guardia Nacional na fronteira sobrepuja qualquer acordo do Itamaraty com la Cancilleria venezuelana. Antes de falar com o Maduro, é melhor sempre conversar com o comandante de plantão en el Comando. Fica mais fácil e menos burocrático.

Ciente desse poder, a Guarda deve continuar apertando o cerco contra os brasileiros por um tempo. Se o band...ops, se o Geovanny for condenado, essa coisa de exigir dos brasileiros que cumpram a lei do lado de lá vai continuar. 

A propósito, o deputado estadual Oleno Matos está propondo a criação de uma comissão para acompanhar a situação dos presos na Venezuela. Acho digno e importante. Afinal, direitos humanos não são uma prioridade em meu país natal. Muito menos com estrangeiros.

http://www.folhabv.com.br/noticia/Deputado-propoe-comissao-para-acompanhar-presos-na-Venezuela/10116

segunda-feira, fevereiro 09, 2015

Fazendo roupa para o Killer Croc da linha Batman: Arkham Origins Series 2

Neste domingão, a minha prendada patroa resolveu dar uma customizada em algumas de suas camisetas e fazer as bainhas de uma calça.

Antes que eu cobrasse, ela mesmo disse que o sobretudo de meu Hulk cinza padrão Marvel legends estava na fila das próximas ações na área da moda da maloca. O Hulk ficou feliz, pois finalmente vai ganhar o vestuário que lhe falta para ficar elegantemente gângster. 


Bem, enquanto a patroa estava à frente de sua máquina, divertindo-se com suas customizações, eu fui reler uma HQ do Batman e topei com esta imagem do Croc no Asilo Arkham. Daí bateu a ideia de fazer uma jaqueta para o meu Killer Croc da linha Batman: Arkham Origins Series 2.


Vejam neste pseudo-tutorial, poucos mas queridos leitores, como foi e no que deu a ideia. Fiquei me  sentindo o Clodovil das AFs.

O Killer Croc, exibindo o peitoral:


Pegue uma manga de camiseta, olhe para uma peça pronta de verdade, faça contas e outros cálculos, corte e vá arriscando:





Costure na forma invertida, como se fosse uma peça real:


Esgarce, rasgue as pontas para dar o aspecto mais Croc e experimente no bichão e faça as poses:





DEPOIS DISSO: comentei com a patroa que os pedaços da calça jeans dariam a jaqueta que estava querendo e que era só costurar dois pedaços que já ficava quase pronta. Ela foi lá e costurou, ficou parecendo um poncho, sugeri uns cortes, ela fez umas dobraduras no peito, esgarcei um pouco e deu nisso:

Croc todo na onda:




Selfiecroc:



terça-feira, dezembro 23, 2014

Venezuela, um país sem bom destino

No lugar onde cresci na Venezuela, nada é como antes. Acabou-se a calma das noites, agora ocupadas pelo medo dos assaltos feitos por jovens em motos. Falta tudo nas prateleiras e nem sequer a gasolina escapa do racionamento. A propina move o mundo e quem deixa de pagar fica de fora do jogo. As gangues dominam as áreas de mineracao (vai sem til, pois o acento nao existe no teclado) e parte das cidades, criando máfias que cobram protecao dos comerciantes. 
As ruas de minha antiga cidade padecemo mal dos buracos na terra do petróleo. Só continua igual o carinho das pessoas com as quais cresci. Isso me reconforta enquanto visitante cada vez esporádico. A eles, no entanto, fica o cotidiano de um país destruído social, política e economicamente. E antes de que alguém diga que a culpa é daquele ou do outro governante, fica a certeza das ruas: venha quem venha governar, isso aqui ainda será a mesma Venezuela de hoje.

quinta-feira, março 06, 2014

Duas esquinas no mesmo cruzamento, duas faltas de respeito com o pedestre

Fui caminhar na quarta-feira de cinzas para ver se começo a perder o peso que ganhei nos últimos meses.

Fiz uns cálculos mentais de distância e decidi fazer uma rota diferente da que tenho percorrido desde que estamos numa casa alugada no São Francisco. Em vez de ir para a avenida capitão Ene Garcez, decidi embicar para a Ville Roy, minha avenida preferida na cidade.

Peguei a calçada direita da avenida Major Williams em direção à Ville Roy e no cruzamento com a Capitão Júlio Bezerra (mania antiga que havia na cidade de colocar nome de militar em tudo o que era rua), vi esta maravilha do respeito ao pedestre:



O tapume da obra não conta conversa: te joga direto na rua, sem espaço mínimo de segurança, bem de frente para um semáforo.

No retorno da luta contra as gordurinhas do mal, peguei a outra calçada. No mesmo cruzamento encontrei um exemplo de falta de respeito com os pedestres que passam em frente à igreja de São Francisco:



Como é que a pessoa tem tanta preguiça de caminhar um pouco do carro até a missa e falta de respeito com a legislação de trânsito na hora que vai para uma cerimonia religiosa? Pensando nisso, publiquei bem cedo a foto no Facebook com esta legenda:

Você que vai falar com Deus na quarta-feira de cinzas, tem preguiça de estacionar uns metros mais distante e deixa seu carro na calçada, obrigando pedestres a irem para a rua, correndo o risco de serem atropelados, ou pisarem no jardim do templo, deixa te avisar: estás fazendo tudo errado. Deus não curte sacanagem com seus outros filhos.

E olha que nem fã de discursos religiosos eu sou.

terça-feira, novembro 27, 2012

A grande garfada



A prefeitura de Boa Vista anunciou ontem (26/11) que vai mudar o cronograma de coleta de lixo doméstico. Basicamente alterou os dias da semana e cortou um dia de coleta em cada bairro. 


Não houve justificativa para isso no material informativo distribuído à imprensa.
A questão é que na mudança foi dada uma grande garfada nos contribuintes.
Explica-se: a taxa de coleta de lixo instituída na gestão Iradilson Sampaio faz uma divisão do valor pago anualmente por uma coleta de 3 vezes semanais. 


Com a mudança, só no Paraviana, área que paga mais caro que o Centenário, por exemplo, os caminhões vão deixar de passar cinco vezes até o final do ano.
 

Multiplicando 5 pelo número de contribuintes que pagaram isso no referido bairro, tem-se um número bem alto. Multiplicando 5 pelo número de contribuintes da cidade, tem-se um número bem maior. É um dinheirão e tanto que foi pago por um serviço que agora não será mais feito.
 

Como essa taxa foi criada só para bancar a empresa terceirizada que faz a coleta, não é possível à prefeitura alegar, como sempre o faz, queda no repasse do Fundo de Participação dos Municípios. É uma grana que já está no caixa do município e que agora será usada para outro fim. É como se fazia no tempo da CPMF: a grana da saúde ia para todos os lados, menos para saúde.
 

Eu espero sinceramente que a gestão da prefeita Teresa Surita ao menos reduza o valor dessa taxa. E que demita esses incompetentes que contribuíram para deixar Boa Vista no buraco, literal e metaforicamente.

segunda-feira, novembro 19, 2012

Segunda bipolar

A segunda amanheceu bipolar...

Primeiro, bem cedo, rolou um estresse com a funcionária de uma loja onde compramos tinta fosco quando na verdade queríamos tinta brilho (Na verdade, o plural é mentiroso. Para mim, tanto faz, mas a patroa insistiu nesse tipo de tinta e eu paguei, então ficou plural).

A funcionária não queria ir avisar o dono do loja, o seu Ciariba. Fez cara feia, insistiu que devíamos ir direto, disse que aquele ali não era o seu setor nem sua função (mas foi com ela que mandaram falar), ficou com mais cara feia quando lhe disse que aquilo não se tratava de uma disputa de poder...enfim, ficou ali e nada fez.

Não conseguimos trocar nenhuma das duas latas de tinta. A patroa tinha aberto as duas antes de conferir na etiqueta se eram fosco ou brilho.

Meio-dia rodamos em várias outras lojas atrás de tinta. Meio-dia, o sol ardente e a fome pegando os três (eu, a patroa e o Edzin, motivo de estarmos querendo maquiar a casa).

- Mamãe, temos que pintar a casa para colocar uma árvore de natal, disse dias antes.

Se o que nos faltava era uma desculpa para começar a dar trato na casa, já a temos.

Nessa rodada de hoje o meu celular ficou em algum lugar. A patroa acha que foi na última loja, a Vimezer da Ville Roy. Voltamos lá depois do almoço. Ninguém viu nada e ela não consegue disfarçar a chateação.

Até sair da loja eu estava tranquilo. Quando cheguei no trabalho é que percebo o quanto perder o celular é problemático. Vai-se o aparelho, vão-se as fotos, os vídeos, o chip, os contatos, a facilidade de entrar em contato com a casa...além disso, é um novo gasto a ser contabilizado.

No meio da tarde me avisam que ganhei um prêmio jornalístico, ficando em primeiro lugar. Como ainda não foi divulgado para a imprensa (não sei se neste momento já foi), ainda não posso falar qual é. A entrega da premiação será semana que vem.

Escrevo agora direto no editor do Blogger...

Há muito tempo que não fazia texto direto na plataforma...

Agora vou na loja da operadora, ver como resolvo isto. Já me conformei e sei que não terei o celular de volta.

Engraçado é que semana passada achei um blackberry novinho no parque Anauá, liguei para a mãe da dona, a dona falou comigo, combinei a devolução no mesmo dia e quando a moça disse que queria me dar uma recompensa, disse-lhe:

- Não precisa. Basta que a senhora, ao encontrar um celular por aí, ache o dono e devolva. Gentileza gera gentileza.

Não deu certo comigo esse mantra.

Bem, vamos ver se a segunda termina bem. 

UP DATE: 

Resumidamente: fui na loja da Vivo, que estava com o sistema operacional fora do ar. O atendente pediu que fosse numa loja no centro da cidade. Estava tarde, não fui, olhei celulares mais modernos lá e numa loja ao lado, percebi como entendo pouco de bons aparelhoes, fui caminhar sem comprar nada, cheguei em casa e a patroa disse que, depois de algumas ligações, o pessoal da Vimezer tinha encontrado o celular. 
Basicamente foi o atendente novato que tentou dar uma de esperto, embolsando a máquina.
Tranquilo por ter o meu aparelho de volta, me pergunto: vale a pena tentar ficar com a coisa velha dos outros?

quarta-feira, agosto 11, 2010

Literamistura


Nesta quarta sou uma mistura infame, intragável e cinza d’A Segunda Infância de Manoel de Barros, Aline de Adão Iturrasgarai, do bangue-bangue em HQ de Jonan Hex e dos hai cais de Mário Quintana e Paulo Leminski.

Reclamações ou informações, favor dirigir-se ao balcão 4, à sua esquerda, terceira porta azul-céu-antes-da-chuva.

Lá tem um folheto para distribuição gratuita sobre o final de um evento de vídeo indígena. Pode pegar e ler enquanto o atendente não chega. Com certeza o vagabundo saiu.

Agora, com sua licença, se você não vai escrever nenhum comentário, deixe a freguesia circular.

sexta-feira, janeiro 01, 2010

Para começar pensando no quem vem por aí




Também aceito sugestões de músicas em português, mas por enquanto esta foi a principal canção que achei com a temática “vamos recomeçar tudo de novo”. Em todo caso, um fantástico 2010 para todos nós.










New year’s day


Yeah...
All is quiet on New Year's Day.
A world in white gets underway.
I want to be with you, be with you night and day.
Nothing changes on New Year's Day.
On New Year's Day.
I... will be with you again.
I... will be with you again.
Under a blood-red sky
A crowd has gathered in black and white
Arms entwined, the chosen few
The newspaper says, says
Say it's true, it's true...
And we can break through
Though torn in two
We can be one.
I... I will begin again
I... I will begin again.
Oh, oh. Oh, oh. Oh, oh.
Oh, maybe the time is right.
Oh, maybe tonight.
I will be with you again.
I will be with you again.
And so we are told this is the golden age
And gold is the reason for the wars we wage
Though I want to be with you
Be with you night and day
Nothing changes
On New Year's Day
On New Year's Day
On New Year's Day

terça-feira, junho 02, 2009

Mondo cane

(Da Série Remember, um texto publicado originalmente em 3 de junho de 2005. E que venham os cinco anos do Crônicas da Fronteira.)

Ele disse:
Bah, guria, para que tanto aperreio. Não é melhor assumir que a idade nos torna cínicos como as pessoas que detestávamos há alguns anos?
Ela argumentou:
Mas e os sonhos, onde vão ficar?
Ele respondeu:
Vende. Conheço um cara que paga bem por restos de inocência.

quinta-feira, abril 16, 2009

Ratadas, barrigadas etc.


Sou professor de jornalismo pela segunda vez há um ano e meio. Já dei aulas para as turmas do segundo, terceiro e quarto semestre. A cada período, mudam as disciplinas. Se isso me complica um pouco a vida, já que sou obrigado a arranjar tempo para ler novos livros e artigos a cada semestre, por outro amplia a minha visão sobre a parte teórica da profissão e me ajuda a aprimorar meu senso de programação acadêmica.

Atualmente, leciono para o terceiro e quarto semestre. É uma seqüência: 3 e 4. Bem facinho de decorar. O problema é que a idade prejudica minha memória e sempre tenho que fazer força para lembrar quais são as turmas. Demoro em média uns cinco segundo até conseguir dar o nome correto de cada uma. As disciplinas eu decorei o nome, inventei siglas próprias para minhas anotações e tal, mas as turmas...

Até o pessoal que fica nos corredores já decorou quais são. Quando chego reservando o projetor ou um laboratório, eles dizem: - Terceiro ou quarto, professor?

Eu fico assim, pensando, até me lembrar qual é a turma.

Há umas três semanas organizei uma palestra sobre a influência das Assessorias de Imprensa (AI) na agenda da mídia. Íamos discutir isso, agenda setting, fluxos da comunicação etc. Daí eu abro a palestra, apresento os convidados às turmas e vice-versa. Os convidados falam, abrimos para perguntas e eu digo:

- E aí, pessoal do quinto (a minha turma) ou do terceiro (convidados especiais), não vão perguntar mais nada?

Um dos meninos olha para os lados e diz: professor, nós somos do quarto semestre.

Aí veio outro e falou: e nós somos do segundo...

Um segundo de estupefação e a minha resposta clássica para estas situações: quinto, quarto, segundo, terceiro, é tudo a mesma coisa, gente. Tem pergunta ou não?

A última ratada foi ontem. Mandei um texto para divulgar no site da faculdade uma palestra no quarto semestre abordando mídia e religião. E já fui escrevendo com aquele cuidado de não trocar a numeração. Deu certo na última parte do texto, mas na primeira falhou a revisão: em vez de quarto, lá ficou o maldito quinto semestre aparecendo logo de cara.

O pior é que quando sai escrito não dá para falar “quarto, quinto, tudo é a mesma coisa”.


................
P.S: Veja no blog Terceiro Semestre as impressões da molecada após fazer matérias para o jornal-laboratório União Informa.

P.S.2: Faça um blogueiro feliz. Comente este post e todos os que você ler aqui.

terça-feira, abril 14, 2009

Sim, temos bananas...


(Série Cenas e fotografias de Boa Vista)



E outras tantas frutas, verduras e legumes à venda todo final de semana na Feira do Produtor, localizada ao lado da avenida Venezuela, via que na década de 1990 convencionou-se chamar da linha divisória da Boa Vista rica e da Boa Vista da periferia.


(foto minha: Edgar Borges)

Todo sábado a feira enche, com vários produtos muito mais em conta do que qualquer vendinha ou supermercado da cidade. Reformada há alguns anos, tem barracões para cada tipo de produto. Esse da foto é do exclusivo para bananas, a maioria vinda da região sul de Roraima. O cacho, dependendo do tipo, do mês e de quanto está maduro, pode sair entre dois e cinco reais.

segunda-feira, abril 13, 2009

Semelhanças

Antes era Centro Federal de Educação Tecnológica de Roraima.




Agora virou Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima


Com uma logo que me pareceu lembrar a da Fundação de Educação, Turismo, Esporte e Cultura de Boa Vista. Acho que somente por conta do verde "fique calmo e relaxe".

sexta-feira, março 20, 2009

Pa’lante, pa’lante, como un elefante

A semana não foi fácil. Amigos estiveram a um passo de morrer acidentados, parentes perderam o emprego, um cão da Guarda Municipal mordeu o índio velho e o calor não diminui. Felizmente chegamos vivos à sexta.
Que venha agora para ser encarada de frente a próxima semana, com chuva ou sem chuva.



Afinal, no fim do túnel há uma luz que não é um trem e no fundo do poço tem mola, não uma pá.


segunda-feira, março 02, 2009

465


Final e começo de mês é o tempo de planejar o que fazer com o que se ganhou ou vai se ganhar. Tempo de planejamento.

465

Verificam-se as entradas e as possíveis e confirmadas saídas de grana, adiam-se projetos, adiantam-se vontades, corre-se para o cheque especial, se for o caso.

465

Na capital, meus primos civilizados jogam no Excel as receitas e despesas. Alguns riem de alegria pois aquela vontade será saciada. Outros, riem de desespero pois não sabem como vão chegar no próximo final de mês.

465

Na minha aldeia, ponho as contas de meus colares na mesa, pego todos os papeis de fiado e jogo uma aritmética que tente me favorecer. O desafio: tocar a vida e guardar pelo menos umas penas para o escambo com os brancos.

465

Listadas as necessidades, cortadas as vontades, analisadas todas as possibilidades, vejo que a renda ainda tem condições de cobrir o corpo desrendado. Isso desde que não chegue o IPTU, o IPVA, o IR e outra qualquer coisita a más neste mês que se inicia hoje.

465

Sobrevivente, pergunto-me: como é que vivem as pessoas com renda igual ou inferior a um salário mínimo?

Enquanto não encontro resposta, vou cantando Sucursal del Cielo, música do guatemalteco Ricardo Arjona:

Me sorprendí sumando ceros a una cuenta
Víctima del impuesto sobre la renta
Y me olvide de las pequeñas cosas (...)

quinta-feira, fevereiro 26, 2009

Então foi-se o carnaval...

E a Praça da Bandeira ficou em primeiro lugar no desfile das escolas de samba de Boa Vista.

O desfile pode não ser lá aquelas coisas, com aqueles luxos e tal, mas se é para sair, saia na Praça. É a que demonstra maior organização e aparentemente a que investe melhor a grana recebida da Prefeitura e do Governo.

Choveu na madrugada da quarta-feira de cinzas. As chuvas diminuem a poeira das ruas, o calor do meio-dia e transformam BV em uma cidade mais agradável. As chuvas molharam as cinzas.

O indiozinho brincou que só no carnaval. Foi a dois bailes infantis e um da saudade. Balançou o corpinho ouvindo marchinhas e axé, ficou admirado com os músicos e seus instrumentos.

Então foi-se o carnaval e nada do feriadão chegar para algumas pessoas que trabalharam todas as noites. Como sempre digo, quem mandou não estudar a coisa certa?


sexta-feira, fevereiro 13, 2009

Afinal, hoje é sexta...



E mesmo que o final de semana seja uma droga, sempre haverá uma vagabunda esperança de que não seja assim.

quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Táxi-lotação quer reajuste para R$ 2,50



Meu Deus! Os caras estão lucrando horrores depois que uma das empresas saiu do mercado de um dia para o outro e mesmo assim querem reajuste de 25%. A isso chama-se ganância e esperteza. Será que acham que a Prefeitura nunca vai concluir a licitação com as novas empresas? Ou acham que fechar avenidas quando são contrariados vão funcionar como instrumento de pressão toda a vida?

Mas eu gostei mesmo foi dos argumentos, segundo a matéria da Folha de Boa Vista: "defasagem no preço da tarifa e a necessidade de distinguir do valor cobrado pelos ônibus, dando condições da concessionária voltar a atender as quatro rotas."

Os caras são tão bonzinhos que quase esqueço da principal justificativa da empresa de ônibus para abandonar as rotas que cobria: falta de capital causado pela concorrência com os lotações, o equivalente às vans e moto-táxis de outras cidades.

Ou será que as empresas compraram todos os álvaras de taxistas de BV? Se for assim, virou monopólio.

sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Internet lentia, preguiçosa e indolente


Adoro Roraima, apesar do calor infernal que nos assola quase o ano inteiro, apesar de ver tanta gente enriquecendo usando esquemas criminosos, apesar do desprezo que muitos dirigentes têm pelo meio ambiente (e as permanentes agressões permitidas à natureza), apesar de ficar longe de tudo, apesar dos preços extorsivos praticados no comércio e apesar das rádios priorizarem uma programação musical regada ao forró mais vagabundo que possa ser produzido nos estúdios.


Tudo isso eu aguento (sem o trema, para entrar na onda da nova gramática). Agora, comprar um modem da Tim, com a promessa da conexão banda larga (ou pelo menos rápida) e ficar em casa sem conexão porquê (ah, o uso dos porquês, sempre me obrigando a uma consulta na gramática) há um buraco negro na cobertura, isso é tirar onda com a distância da maloca para a torre mais próxima. Ah, e quando pegava a internet, era uma lentidão sem tamanho.


Tipo: para baixar um Cd de 70 MB, tempo estimado de 11h30 minutos. Não dá, é isso que não suporto em Roraima.



Charge do Kenedy, do jornal Roraima Hoje



Tecnologia, tecnologia, tecnologia


A cidade está em polvorosa, as mulheres chiques já estão tirando os vestidos longos do armário e a gurizada anda excitadíssima: o aeroporto vai ter uma escada rolante. O que vai ter de neguinho indo ao aeroporto para conferir a novidade não vai ser brincadeira. Vai ser tanta criança (adulta e moleca) subindo e descendo só por brincadeira...


Fotinha da Folha de Boa Vista - Agora vou esperar a da inaugaração, com as otoridades cortando a fita


O que não conseguem liberar é a ponte de acesso à Guiana. Até tentaram, mas o MPE deu um freio avisando que pelo menos uma guarita para a Receita e a Polícia Federal devia ter, né? Ou tão achando que o comércio de tênis Nike e camisas Lacoste piratas, maconha e alho - feito agora por cima da ponte - ia ficar sem fiscalização. Pára, né? (Aliás, “pára” de parar continua com acento?)



A fotinha da bendita da ponte também é da versão eletrônica da Folha de Boa Vista