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quarta-feira, maio 14, 2014

Na estrada, de Boa Vista rumo a Santa Elena de Uairén


Dia 6 de maio fui a Santa Elena de Uairén  tentar resolver um problema com a minha documentação venezuelana. Havia tempos que não fazia essa rota sozinho, fosse de carro ou de ônibus. Puxando pela memória, diria que pelo menos uns 10 anos. Acho que a última entrada solitária gerou esta postagem. Ou teria sido esta, fruto de uma outra viagem mas só perpetuada bem depois?

Enfim, seja quanto seja, acordei cinco da manhã e seis horas estava deixando a casa. A estrada está com quase todos os buracos tapados, o que a deixa feito um tapete preto. Para ficar mais segura, só falta sinalizar verticalmente. 

Fiz os 230 km entre Boa Vista e Pacaraima em exatas duas horas. No posto da polícia militar encontrei equipes da produtora contratada pelo governo para fazer os VTs publicitários. O povo estava filmando as ações do programa Tolerância Zero nas Fronteiras, implantado recentemente para tentar controlar o tráfico de drogas e afins naquela parte do Estado. 

Pessoalmente, achei engraçado ver todo ser abordado para que o pessoal pudesse filmar. Depois de apresentar RG, habilitação e documento do carro à policial, vi que um antigo colega de prefeitura estava na equipe da produtora. Sai da parte coberta do posto da PM e buzinei para o Tino Cabeção, mas ele já estava atrás de outro carro, fora de minha visão. 

Quando ia embora, um PM, desses cinquentões, bateu no carro e mandou parar. Pediu todos os documentos de novo, perguntou o motivo de não ter parado na blitz (?), respondi que havia parado sim, perguntou por que o IPVA 2014 não estava pago, respondi irritado (mas controlado, claro, que ninguém se mete com polícia na fronteira) que não precisava pagar pois ainda estava valendo. Perguntou se haviam visto meus documentos, disse que sim e, insatisfeito e talvez querendo fazer bonito pras câmeras, foi perguntar dos colegas se haviam me checado mesmo. Voltou mansinho e mandou que prosseguisse a viagem usando o velho jargão: “pode ir, cidadão”.


Enfim, a viagem foi legal, apesar de não ter resolvido a questão que me levou até a atravessar a fronteira. Meter o pé no acelerador e ouvir a música no máximo faz bem para relaxar. Inclusive, na ida, aproveitei para ouvir todo o novo disco do Calle 13, Multi-viral, que havia baixado um dia antes. 

E agora, fotos e legendas que sintetizam a viagem:

Meu destino: o Saime

Precisa de pessoal para trabalhar ambos sexos? Hum...dubiedade, aqui me tens sem nunca ter saído.

É de lei: chicha para beber toda vez que entro na Venezuela. Aliás, chicha é a melhor coisa da Venezuela

Companheiros de lanche na panaderia perto das 4 esquinas de Santa Elena

Fui caminhar na cidade e aproveitei para entrar pela primeira vez na biblioteca de Santa Elena. Lá, olha quem achei: o livro O livre arbítrio, de Adair J. Santos, pai da patroa

Acho que nem na biblioteca central de Roraima deve ter cópia deste livro e dos outros dois abaixo

Ficha do livro, editado em 1986

Mais dois exemplares da coleção

Aproveitei e deixei um exemplar de meu livro Sem Grandes Delongas na biblioteca.

Frescolita, a segunda melhor bebida da Venezuela depois da chicha

Parada para lavar o rosto no terminal de ônibus de Pacaraima antes de voltar


Ao voltar,  às 13h30, os PMs continuavam pedido documentos do povo e pedindo para abrir os porta-malas 

Parada na BR 174 para esticar as pernas, molha o rosto e olhar ao fundo a serra do Parima, região onde meu pai nasceu

Os campos gerais, o lavrado, o cerrado de Roraima

Seguindo reto, sobe-se a serra e para-se na Venezuela

Fruto de muita pergunta no comércio: casabe, chamado de beiju no Brasil, e catalina (ou cuca, como também é chamada na Venezuela),  coisa gostosa que no Rio Grande do Norte chamam de bolacha preta ou sorda. Isso com queijo é uma delícia. =D

segunda-feira, janeiro 24, 2011

Levando literatura às comunidades indígenas de Roraima

A turma do Coletivo Arteliteratura Caimbé, do qual faço parte, iniciou as atividades do projeto Caminhada Arteliteratura, contemplado em 2010 com a Bolsa de Circulação Literária - Funarte/Ministério da Cultura.
O blog do projeto já está no ar. É clicar aqui e acompanhar direto as notícias.
A seguir, um relato de Zanny Adairalba sobre a viagem inicial às comunidades indígenas do Baixo São Marcos.


Diário de caminhada - 15 de Janeiro de 2011

Acordamos cedo esta manhã. Para chegarmos às comunidades, além de carro, teremos que fazer uso de uma balsa para a travessia do rio Uraricoera. Água, blocos de anotações e câmeras fotográficas no carro e pronto. É hora de pegar a estrada.




Saída de Boa Vista rumo à região do Passarão, passagem obrigatória para chegar ao Baixo São Marcos. A cidade fica para trás. Daqui para frente, só natureza!


Passando pela Serra da Moça, onde fica uma comunidade indígena, mas ainda não pertencente aos Territórios da Cidadania.


Primeira parada.



São 8 da manhã e perdemos a balsa. Agora é esperar seu retorno.



Um pescador chegando pelo rio Uraricoera. A cena relata a poesia viva do cotidiano Amazônico.


Depois de uma hora e meia de espera, o motor do rebocador avisa que vamos partir. Todos a bordo parecem bem à vontade. Menos eu, que sempre gostei de manter meus pés em terras bem firmes.





Chegamos em Campo Alegre, uma comunidade fundada em 1982 que hoje possui 203 habitantes, 2 escolas (uma estadual e outra municipal) e um micro-hospital em processo de construção.

Os moradores indicam onde podemos encontrar o Tuxaua, Sr. Jadir, e seguimos a seu encontro. Mais à frente avistamos um senhor sentado à sombra de um galpão de palha, com seus pertences de trabalho (bolsas, canetas e papeis) numa mesa de madeira, anotando numa planilha de planejamento todas as atividades da comunidade para 2011.



Nos apresentamos e Edgar começa a descrever como serão realizadas as atividades.
“Acredito que esse projeto será muito importante para nós. É a primeira vez que teremos uma ação como esta aqui dentro da comunidade”, diz seu Jadir, que antes de assumir a posição de Tuxaua trabalhou 26 anos como professor.

Evento marcado, seguimos em direção à comunidade Vista Alegre, percorrendo mais 28 km de estrada de piçarra.


Na comunidade, de 530 habitantes, fomos recebidos pelo 2º Tuxaua, o Sr. Zildo, que também exerce a profissão de professor e nos falou sobre trabalhos realizados pelos moradores e outros projetos que beneficiam a comunidade.


Após apresentação do projeto, marcamos o dia para a realização do evento, recebido com entusiasmo pelo Tuxaua.

Deixamos a comunidade Vista Alegre depois do meio-dia.




Pegamos a RR-319 em direção a Boa Vista cansados mas já com aquela sensação de início de missão cumprida. Conversando sobre os pontos fortes da viagem,
Edgar questiona o que mais chamou minha atenção nesse primeiro contato. Sem sombra de dúvidas, a seriedade no tratar sobre a melhoria da comunidade e o senso de responsabilidade presente nos dois administradores (tuxauas), foi algo que me deixou impressionada.

Bons ventos levam os pássaros. Esperamos que à nossa caminhada também.