terça-feira, março 10, 2015

"A cultura do já teve" - crônica sobre uma intervenção cultural

Convidei o escritor e escultor Afonso Rodrigues para a intervenção que, como integrante do Coletivo Arteliteratura Caimbé, ajudei a fazer,  na última sexta-feira (6) na Casa da Cultura Madre Leotávia Zoller.  Ganhei citação na crônica desta terça (10.03) na Folha de Boa Vista:


 

A cultura do já teve

Afonso Rodrigues de Oliveira*

“O homem é um sucesso se ele acorda de manhã e vai para a cama à noite e entre as duas coisas ele faz o que gosta de fazer”. (Bob Marley)

Acho que foi a primeira vez que fiz uma matéria homenageando a mulher pelo seu dia internacional. E, talvez por isso, o pessoal do jornal publicou a matéria um dia depois da comemoração. E pegou. Você já sabe que andei me enclausurando. Estou preso dentro de casa. E não me pergunte por que, porque não vou saber responder. À vezes fico me perguntando o que me levou à tamanha tolice. Estou pagando caro pela burrice. Afastado dos movimentos culturais estou fora de foco. E, na última sexta-feira, o Edgar Borges me convidou para o evento “Mulheres em Forma”, uma realização do grupo “O COLETIVO URUCUM”. Um grupo formado por acadêmicos da UFRR. Cara, foi o maior sufoco. Só aí verifiquei o quanto estou afastado do pessoal. Acredite, mas só quatro pessoas presentes me conheciam.

O evento realizou-se, segundo a programação, na Casa da Cultura. Comecei a discordar por aí. A Casa da Cultura não existe mais. Ela está no rol dos do já-teve. O que temos ali é um prédio histórico, abandonado e depredado. O evento aconteceu dentro do que fora um jardim, na época da Casa da Cultura. Acreditem, mas o pessoal da Faculdade passou a manhã toda limpando o terreno, na tentativa de deixá-lo, pelo menos, na mínima condição para a realização. A grosso modo, conseguiram. Mas pelo que eu soube, foi o maior sufoco. A Casa da Cultura está não só abandonada, mas usada como depósito de mercadorias, sei lá de quem, e verdadeira lixeira, também não sei de quem. Mas o poder público deveria saber e evitar.

Cheguei atrasado ao evento. O que não é de meu costume. Mas houve motivos. Mas o que importa mesmo é o que vi, no deveria ver. Um esforço desmedido, de pessoas interessadas em tirar Roraima do círculo do Já-teve. Já é uma cultura local a destruição de patrimônios culturais do Estado e do Município. E sabemos nós o quanto já batalhamos para tirar o Estado dessa indolência cultural. Lamentei não ter tido a oportunidade de maior contato pessoal para criar novas amizades que, quem sabe, me tirariam do ostracismo. Vou batalhar. Que o Coletivo Urucum não desista de sua luta, e consiga reativar os movimentos culturais que já foram importantes para nosso crescimento e desenvolvimento.

Mas ainda temos muito a fazer. E o importante é que o façamos. Inclusive, com o repertório da Alcione. Que tal? Falando sério, vamos levar isso a sério e procurar tirar o poder público da sonolência cultural em que nos mantém. Vamos nos dar as mãos. Pense nisso. 

*Articulista
afonso_rr@hotmai.com
99121-1460

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