terça-feira, fevereiro 06, 2007

Pontos, vírgulas e declarações

Pensamentos desconexos. Preguiça. Cansaço. Um teclado empoeirado. Cadernos rasgados escondem textos de amor e contas a pagar. 3 de fevereiro de 1991. Dominar a língua é mais difícil que conhecer tua língua. Chegada ao Brasil. Nova vida, novas obrigações. Rock and road. Hablame de ti. Estradas de barro, rodovias de asfalto. Acidentes, previsões, queima de fogos na beira do mar. 16 anos. Muito tempo. Mais vida que a de uma estudante aprovada no vestibular de medicina. São Paulo, São João da Baliza. Alto alegre é o oposto de baixinho desanimado. Fernando Pessoa, Zeca Baleiro, The Same People e Neruda. Mortes familiares. Um, dois, três, quatro, trocentos ódios e amores e desafetos e amigos afastados. Verão infernal. Invernos torrenciais. Alagações, desabrigados e as manchetes com os clichês de sempre.

Pensamentos ainda desconexos. Sesc. úsica. Versos. Fotografias. Índios e reservas. Xenofobia. Corrupção. Insetos. Gafanhotos nos campos, verdes dólares nos campos. Assunção ou queda. Soul, bossa, praia e folhas de coca do Peru. José Maria Emazabel, Eduardo Oxford, Vitória Mota Cruz, Gonçalves Dias, UFRR, IBPEX. Crônicas diárias, árduas, paridas.

Malocas, histórias, igarapés, cantos. Serras e lavrados. Chaparros são caimbés, negritas são neguinhas, catiras são loiras, cerveza es la Polar. Salsa brava, salsa erótica. Movimento estudantil. Bocas. Beijos. Mãos. Corpos. Olá. Adeus. A Deus e ao homem. Cursos. Discursos. Ah, Fidel! Pampeiros. Dureza. Blogs. Correios.

25 de maio. 26 de dezembro. Afilhadas. Cumadis. Damorida. Vinho de buriti. Açaí. Roraimeira. Guaraná no Maryvaldo. Roubos. Reencontros. Recomeços. Praça da República, Plaza Central, Praça Ayrton Senna. Rock in the jungle, mister. Avenida Beira-mar. Férias na Ilha. Cuzco. À deriva no Amazonas. Pela via das dúvidas encontram-se certezas. Trilhas no mato, aventuras urbanas, descobertas amorais. Concursos, sorteios e algumas premiações.

E se tudo isso não passasse de um sonho que nunca existiu, fugaz como tudo o que se faz à noite, sem destino certo ou hora de partida? E se tudo não fosse separado por pontos ou por uma vírgula mal colocada? E se em vez de uma interrogação houvesse um sinônimo afirmativo, prepotente, vaidoso e, quem sabe, paciente de um psiquiatra, embebedando-se de prozac e outras sete maravilhas artificiais? Dá-lhe então uma noite perdida, sem endereço certo para reclamar as conseqüências. Bá! Que se f*#%$ as conseqüências e os inconseqüentes. Quem deve que pague e quem não puder que se esconda, assim gritou o sábio naquele boteco imundo à beira do rio antes da batida policial. E nada mais se leu naquele espaço no tal dia atípico, quente e pós-carnavalesco.

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