quarta-feira, outubro 13, 2004

(Para melhor compreensão, a gerência recomenda ler antes o post do dia 22 de setembro)


Me dê uma cerveja. Hum, muito bom matar a sede nesse calor, né? O senhor é o dono do bar? Bonito estabelecimento. Por acaso o senhor conversou com um rapaz parecido com o desta foto nos últimos dias? Quem sou eu? Eu trabalho para a família desse rapaz. Eles querem saber onde ele está metido. Afinal, há anos que não se tem notícias dele.
O senhor viu? Sim, claro, na foto ele está bem mais novo. Não, se ele falou que mantém contato periódico com a mãe, mentiu. A última vez que a pobre senhora ficou sabendo dele foi há uns oito anos.
Como eu cheguei aqui se ninguém sabe dele há tanto tempo? Ora, eu sou uma detetive muito bem treinada, filiada à Central Única Federal dos Detetives do Brasil - Ltda há vários anos. Venho na cola dele há umas vinte cidades. Já topei com ex-mulheres dele, com ex-patrões, com amigos. Todos têm uma história interessante para contar. Qual é a do senhor?
Como assim o senhor não revela as conversas com outros fregueses? O senhor é padre, por acaso? Desculpe, não quis ofendê-lo. Mas deixa eu adivinhar o que ele falou. Contou que largou os estudos, juntou um dinheirinho e foi rodar o mundo? Que já fez todo tipo de serviço para conseguir o dinheiro da próxima passagem? Certo, certo. Ele só não falou que é herdeiro de uma das maiores fortunas da América Latina, né? Nem tampouco que é considerado um gênio em física quântica pelos maiores doutores de vários países? Ele comentou que conseguiu o doutorado com menos de vinte anos de idade?
É, o homem é tudo isso. E um pouco louco, é claro. Largar os luxos da família para conhecer o mundo da maneira mais dura possível é coisa de quem estudou muito e ficou maluco.
Ele comentou para onde ia? Litoral? Estranho. Pelo jeito dele viajar nos últimos anos, água não deveria ser o próximo destino. Sim, eu tenho um banco de dados,com todas as informações cruzadas. Sei o que gosta de comer e de beber, tenho a média de permanência em cada lugar e...Como? No máximo, sete meses por cidade. Mas é o suficiente para arranjar confusões ou ser amado por todos. Ele é simpático, pelo que me disseram. Bonito eu sei que ele é.
Vai ser um prazer encontrá-lo. Mas me conte mais sobre a conversa que tiveram. Ele falou em algum livro também? Parece que vem com essa idéia há alguns anos. O engraçado é ele reclamar da falta de dinheiro para viabilizar a produção. Como assim o senhor não vai comentar nada? Tá bem, tá bem. Se eu pagar uma rodada para todo o bar, o senhor me diz pelo menos o nome da cidade para onde ele foi?

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